Soushoku Danshi – Os homens herbívoros japoneses
Soushoku Danshi – A nova geração de homens japoneses
Não tem como esconder os fatos: O conceito sobre masculinidade está mudando no Japão e a nova geração de homens ganhou até um nome: Soushoku Danshi, que significa literalmente “Comedores de grama” ou são também denominados como “homens herbívoros”.
As principais características dessa nova geração é o fato de não estarem nem aí para dinheiro, relacionamentos e muito menos sexo. Esse termo “Soushoku Danshi” foi usado por uma colunista famosa chamada Maki Fukasawa, em 2006.
Desde então se tornou popular para designar os novos homens japoneses, que rejeitam a definição tradicional imposta pela sociedade a respeito da masculinidade e que aparentemente procuram evitar a todo custo as relações com o sexo oposto, pelo menos na vida real.
Além disso, uma parcela da nova geração de homens, que engloba um número muitíssimo significativo, está muito mais interessada com a aparência, moda e gastam mais com cosméticos em comparação com os homens da geração anterior, além de uma exacerbada vaidade e preocupação em se manter magro e com a silhueta enxuta.
As pesquisas revelam…
Segundo uma recente pesquisa, realizada pela Associação de Planejamento Familiar do Japão, constatou-se que 36% dos homens entre 16 e 19 disseram que não tinham “nenhum interesse” ou então que “desprezavam o ” sexo. Isso é um aumento de quase 19% desde o último levantamento, realizado em 2008.
A pesquisa pinta um quadro sombrio sobre o envelhecimento da população japonesa. Pelo visto, tudo indica que a população nacional de 128 milhões terá diminuído em um terço em 2060 e 40% será formada por idosos, colocando em xeque a baixa natalidade do país.
Além dos problemas sociais e econômicos que a “nova geração” vem causando, os “Soushoku Danshi” não vem agradando a população jovem feminina, que os consideram como “fracos e estranhos”. As moçoilas andam sentindo falta dos homens viris e com atitude de antigamente e não estão nada satisfeitas com os de agora: passivos, narcisistas e metrossexuais.
Falta de ambição profissional e iniciativa amorosa
Já os homens argumentam que “construir um relacionamento é muito desgastante e é preciso muito esforço para ambos se agradarem mutuamente. Outros dizem que não estão dispostos a abrir mão das coisas que gostam de fazer no dia a dia ou nos finais de semana em troca de dar atenção a uma eventual namorada.
Além disso, os jovens japoneses gastam muito tempo envolvidos com a tecnologia, vivendo em mundos virtuais e se contentando com namoradas também virtuais como personagens de vídeo game, em vez de se jogar em relações afetivas reais. Isso traz sérias preocupações sociais já que menos relacionamentos significa menos sexo, que por sua vez significa menos natalidade.
A falta de ambição profissional e de competitividade é outro problema alarmante para a economia do país, que teme que dessa forma, a economia do país definhe pouco a pouco, já que sem competição não há evolução. Esse mesmo problema se volta para a mão de obra japonesa, que cada vez ficará mais escassa e sem pessoas realmente produtivas e determinadas a ganhar dinheiro.
Mas quando essas mudanças começaram a ocorrer?
Segundo especialistas no assunto, as mudanças começaram após a crise e estagnação econômica do país, nas décadas de 80 e 90. Muitos desses jovens, cresceram sozinhos, sem irmãos e sem a interação com os pais, já que estes estavam preocupados demais com a instabilidade financeira após a “bolha econômica”.
A insegurança tomou conta da nova geração que chegaram a conclusão que mesmo com todo o esforço dos seus pais ou avós, não houve grandes mudanças na economia do país.
Resolveram então que se esforçar e competir pode ser uma tarefa estressante e sem grandes expectativas. Se quando a economia estava boa, os homens podiam comprar um carro novo e trocá-lo a cada ano, com a instabilidade financeira de hoje, os homens simplesmente não podem viver aquele estereótipo de vida” feliz”.
Por outro lado as mudanças não foram de todas ruins, já que a nova geração está mais sensível em relação ao meio ambiente e a ter uma vida mais saudável.
Isso nos leva a crer que o que pode ser sinal de “fraqueza” para uns, pode ser considerado uma “afronta” para outros, já que esses jovens estão mesmo determinados a não ceder às imposições da sociedade japonesa. Veja também sobre os Hikikomoris.
Por serem menos consumistas, os “come grama” também estão deixando empresas descontentes. Ter um carro de luxo e uma série de futilidades são abominadas pelos Soushoku Danshi, que preferem passar o tempo sozinhos ou com amigos próximos.
Eles preferem gastar somente o essencial para decorar suas casas, onde permanecem a maior parte do tempo, conectados a internet ou jogando videogame, onde muitos se relacionam com outras pessoas apenas virtualmente.
Mulheres e homens – Inversão de papéis
O fato de não estarem interessados em investir nos estudos e na carreira profissional, fez com que os papéis invertessem e hoje são as mulheres que mais ganham destaque nessa área. É cada vez mais comum no Japão ver as mulheres ocupando altos cargos. A negligência dos homens abriu espaço para elas, o que não é nada ruim, visto todos os esforços delas em tornar o Japão, um país mais igualitário em relação aos salários e cargos profissionais.
Mas acho que as mulheres também não contavam com a nova postura dos homens e se antigamente o assédio sexual entre chefes e funcionárias era algo comum e repudiado pelas mulheres, hoje elas devem estar estranhando as mudanças de comportamento, já que os “herbívoros” aderiram a uma postura mais metrossexual e não tomam nenhuma iniciativa em iniciar um relacionamento.
Além disso, ainda ganharam a fama de “carnívoras” ou “caçadoras” em resposta à indiferença dos meninos herbívoros, pelo fato delas estarem perseguindo o sexo oposto de forma mais agressiva. Lembrando, que entre os Soushoku Danshi, embora exista gays, a maioria é formada de heterossexuais.
O que muda é que esses jovens não concordam e acham insustentável o velho modelo de masculinidade japonesa, modificando dessa forma todo o cenário social e se tornando um grande desafio para a sociedade. Eles não se importam de rachar a conta do restaurante com a dama e nem desejam ostentar riqueza.
Querem apenas viver sem as pressões impostas pelo passado tradicional da época dos samurais, onde o machismo e virilidade marcou toda uma nação e dos kamikazes, que tinham como principais características a bravura, a coragem e a lealdade extrema, chegando ao ponto de darem suas próprias vidas em “nome do país”.
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