O japonês que ‘hibernou’ por 24 dias e sobreviveu ao frio, sem água e comida
Em 2006, um homem japonês surpreendeu a comunidade médica internacional por passar 24 dias sem água e sem comida, desmaiado em uma montanha. Saiba mais!
Em 2006, um cidadão japonês, Mitsutaka Uchikoshi, tornou-se involuntariamente o primeiro caso documentado de hibernação humana. Depois de sofrer uma fratura na pelve em um acidente no Monte Rokko, no oeste do Japão, Uchikoshi sobreviveu em um estado inconsciente por 24 dias ao ar livre onde as temperaturas alcançavam dez graus durante a noite, antes de ser resgatado.
Uchikoshi, de 35 anos, sobreviveu e se recuperou totalmente… Embora tenha saído dessa experiência com a falência de diversos órgãos, é impressionante que tenha ficado vivo por tanto tempo – além disso, conseguiu alcançar uma recuperação completa após ficar hospitalizado.
Como aconteceu?
Conforme relatado pelo The Guardian, o acidente ocorreu em 7 de outubro de 2006, quando Mitsutaka Uchikoshi fazia uma caminhada no local. Ele havia participado de um churrasco com os amigos, e depois eles tinham subido juntos o Monte Rokko, na província de Hyogo.
Na volta dessa caminhada, todavia, o homem tomou uma decisão que, embora parecesse inofensiva, acabou quase custando sua vida: em vez de pegar o teleférico, decidiu fazer a descida a pé. Sua jornada solitária em direção ao pé do monte tomou um rumo trágico quando Uchikoshi primeiro se perdeu do caminho, e depois escorregou em um riacho, quebrando sua pélvis.
Imagem: photo-ac.com
Após horas caído, o homem japonês acabou perdendo a consciência, e foi encontrado mais de três semanas depois. “No segundo dia, o sol estava alto, eu estava em um campo e me senti muito confortável. Essa é minha última memória. Devo ter adormecido depois disso.”, relatou Mitsutaka ao The Guardian, um pouco antes de receber alta do hospital onde foi internado.
Após passar 24 dias desacordado, Mitsutaka finalmente foi encontrado por um alpinista que fazia a descida do Monte Rokko. Sua pulsação estava bem fraca e sua temperatura corporal era de apenas 22°C – quatorze graus mais frio do que o que é considerado normal.
Ele havia tido uma grande perda de sangue, e sofria ainda de falência múltipla dos órgãos. Apesar de tudo, e para o espanto de todos, o homem sobreviveu. Após receber tratamento no hospital mais próximo, os médicos declararam que Mitsutaka se recuperou completamente.
Um caso revolucionário na medicina
A história de Uchikoshi é inédita no campo médico. O chefe da unidade de emergência, Shinichi Sato, ofereceu uma explicação para o acontecido: “Ele entrou em um estado semelhante à hibernação e muitos de seus órgãos ficaram mais lentos, mas seu cérebro estava protegido“.
“Este caso é revolucionário se o paciente realmente sobreviveu com uma temperatura corporal tão baixa por um período de tempo tão longo“, concluiu o professor Hirohito Shiomi.
Na entrevista dada ao Associated Press, o especialista diz que “Os pesquisadores teriam que esclarecer se a temperatura corporal de Uchikoshi caiu muito rapidamente, ou se ele começou a perder calor corporal muito mais tarde e estava de fato morrendo quando o encontraram“.
Situações semelhantes
Durante certas cirurgias, os médicos podem baixar a temperatura corporal do paciente para até 20°C, todavia trata-se de uma situação de exceção, que além de controlada dura apenas por algumas horas – e não dias, como parece ter sido o caso do homem japonês.
Especialistas acreditam que a hibernação humana seja possível e uma das evidências se refere a uma descoberta em 2004 de que os lêmures de Madagascar hibernam durante meses todos os anos, o que constitui o primeiro caso registrado de primatas praticando hibernação.
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