Nihon Shuwa: A Língua de Sinais no Japão
Conheça a Língua Japonesa de Sinais (JSL)
Estima-se que a Língua Japonesa de Sinais (JSL) seja usada por 95% de 320.000 pessoas portadoras de deficiência auditiva no Japão. A Língua de Sinais é chamada no Japão de Nihon Shuwa (日本手話), também conhecida pela sigla JSL (Japanese Sign Language). Antigamente outro termo bastante usado para a Língua de Sinais era ‘Temane’ (てまね).
O Nihon Shuwa foi reconhecido oficialmente em 2011. Ela é um pouco diferente das Línguas de Sinais Ocidentais, se assemelhando mais à Língua de Sinais usada em Taiwan e Coréia do Sul. Na Língua de Sinais Japonesa, não se utiliza somente as mãos e os braços, mas também expressões faciais como um todo, incluindo os olhos, as sobrancelhas e a boca.
Atualmente há no Japão cerca de 107 escolas para surdos. A primeira escola foi aberta em Kyoto em 1878. Cerca de 80% dos portadores de deficiência auditiva entendem o alfabeto datilológico e apesar do país oferecer uma boa acessibilidade aos deficientes hoje em dia, a luta por seus direitos e por inclusão na sociedade ocorreu de forma bem lenta.
Até meados dos anos 1970, as pessoas surdas no Japão tinham poucos direitos legais e pouco reconhecimento social. Geralmente, eram classificados como deficientes mentais, incapazes de obter carteira de motorista ou assinar contratos. Por falta de incentivo e infraestrutura, a maioria dessas pessoas tinham que se dedicar a trabalhos manuais ou agricultura.
Em 1862, durante a era xogunato, alguns emissários foram enviados à Europa para aprender mais sobre a surdez. Eles visitaram algumas escolas para surdos e perceberam o quanto a língua de sinais podiam ajudar essas pessoas. 16 anos mais tarde, Yozo Yamao, um dos emissários ajudou a construir algumas das primeiras escolas japonesas para surdos.
Um dos primeiros professores para surdos foi Tashiro Furukawa. Ele ensinava as crianças usando yubimoji (指文字), uma língua de sinais que normalmente utilizava dos dedos das duas mãos ao mesmo tempo. Com este método, as pessoas com deficiência auditiva conseguiam se comunicar, além de aprender a pronunciar palavras, ler e escrever em japonês.
Em 2015, Tashiro Furukawa foi homenageado pelo Google Doodle pelo seu 170° Aniversário. Ele ajudou a desenvolver a Língua de Sinais Yubimoji. (Link do vídeo/YouTube)
Podemos dizer que o Yubimoji foi a primeira língua de sinais japonesa, precursora da língua usada atualmente. Depois de Kyoto, Yozo ajudou também a fundar outra escola em 1871, a Tokyo Takuzenkai Kunmouin (東京楽養会訓盲院). A partir de então, na Era Meiji, mais e mais escolas privadas para cegos e surdos foram surgindo em outras partes do Japão.
Na Era Taisho, as escolas para cegos e surdos foram separadas e as escolas para surdos pararam de ensinar a língua de sinais e passaram a ensinar leitura labial conhecida como kouwa (口話). Após a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se no Japão a escolaridade obrigatória e com isso a educação voltada aos deficientes auditivos melhorou também.
As escolas começaram a implementar métodos distintos de acordo com o grau de deficiência auditiva. Assim, as pessoas poderiam receber atendimento de acordo com suas necessidades especiais. Claro que nada disso aconteceu de um dia para outro. Foram décadas de ativismo para que estas pessoas pudessem finalmente estar integradas à sociedade.
Comunidade Surda: Lutando por seus direitos
Até 1948, as crianças surdas não eram obrigados a frequentar a escola para receber uma educação formal. No final de 1940, foi criada a Federação Japonesa de Surdos (JFD) com o intuito de unir as pessoas com deficiência auditiva e promover um senso de comunidade. Em 1980, foi criada a DPro, uma organização que argumenta que os surdos fazem parte de uma cultura diferente por usarem uma língua distinta do resto da população.
Existe uma tensão entre JFD e DPro. Uma das maiores batalhas travadas entre elas é sobre a definição da Língua de sinais japonesa. O DPRO insiste que não há uma forma pura de JSL e que é uma língua completamente diferente do japonês falado. Ainda enfatizam que os surdos tem sua própria cultura, pertencendo à cultura surda em primeiro lugar.
Já o JFD, defende que o JSL (Língua Japonesa de Sinais) é uma outra forma do japonês falado (e isso fez com que o JSL pudesse ser ensinado nas escolas públicas). Durante uma discussão particular entre os dois grupos, um membro da JFD chamou o DPRO de “fascistas” por estarem incentivando a segregação, tal como acontece com outros grupos minoritários do país.
Mas o JSL tem duas defensoras de peso que fazem parte da família imperial. A Princesa Akishino estudou JSL e tornou-se uma intérprete fluente na língua de sinais. Todos os anos, ela participa de reuniões e conferências relacionadas à comunidade surda no Japão, além de apoiar ações que incentivam a independência das pessoas com deficiência.
A princesa aprendeu a língua de sinais na Indonésia com o objetivo de conseguir se comunicar com essas pessoas em suas habituais visitas às escolas de surdo. E sua filha, a princesa Kako também está estudando a língua de sinais, como podemos ver no vídeo abaixo:
Como aprender a Língua de Sinais no Japão?
Muitas escolas para surdos foram fechadas ao longo dos anos. Atualmente como forma de inclusão, essas pessoas frequentam escolas regulares onde tem salas especiais com professores aptos a ensinar através do Nihon Shuwa. Se você tem interesse em aprender a Língua de Sinais do Japão, existem algumas maneiras: Veja algumas sugestões:
1. Vídeos no YouTube:
No Youtube, há muitos canais que ensinam a língua dos sinais. Confira alguns exemplos abaixo:
2. Aplicativos
Você também pode aprender Língua de Sinais através de apps para dispositivos móveis.
* Japanese Sign Language and American Sign Language by Deaf Japan (iOS)
* 日本手話 Japanese Sign Language 開発 by Deafjapan (iOS)
* 指文字トレーナー (Android, iOS)
* ゲームで学べる手話辞典 (iOS)
* 手話ステーション Lite (Android, iOS)
3. Sites
Deaf Japan
Kyoto be ne
Fonte: Tofugu
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