Criminosos do período Edo eram punidos com tatuagem no rosto e nos braços


Criminosos do período Edo eram punidos com tatuagem no rosto e nos braços

No Período Edo (1603-1868), uma das formas de punição para criminosos que cometessem pequenos delitos era uma tatuagem no meio da testa. Saiba mais!

Recentemente comentamos alguns fatos interessantes sobre a conexão das tatuagens a história japonesa. Ao contrário da maioria dos países ocidentais, onde é a tatuagem é simplesmente considerada uma forma de expressão, na sociedade japonesa, esta arte costuma ser menosprezada, apesar de ter alguns dos melhores artistas e técnicas do mundo.

O que muitas pessoas não sabem é que durante o período Edo (1603-1868), uma das formas de punição para crimes não violentos era uma tatuagem bem no meio da testa.

Chamada de “irezumi kei” (入墨刑) que traduzido seria “punição da tatuagem”, este castigo era concedido a perpetradores de crimes relativamente pequenos, como roubo ou furto. Era classificado como uma espécie de “castigo corporal”, assim como o espancamento.

https://www.youtube.com/watch?v=r3dZvwZfjWE
Link do vídeo (YouTube)

O fato dos mal feitores serem marcados na testa com uma tatuagem era uma maneira encontrada neste período para separa-los dos cidadãos de bem. A marca exibida publicamente criaria o estigma de que aquela pessoa seria um criminoso pelo resto de sua vida.

A tatuagem também tinha um propósito de manutenção de registros. Cada região do país havia adotado um estilo de tatuagem diferente, para que dessa maneira, as pessoas pudessem identificar em que área do país um determinado criminoso foi condenado.

Imagem: dangerousminds.net

Em Hiroshima por exemplo, havia um estilo que consistia no caractere 犬, que significa “cão” ou “cachorro”. Em outro podemos ver os três traços de 大 que significa “grande”. Na região de Nagasaki, a imagem usada era de uma cruz que era traduzida como “mal”. Na maioria das regiões, se uma pessoa tatuada cometesse outro crime, receberia a pena de morte.

Imagem: Edo Wonderland

As tatuagens no Japão remontam aos períodos Jomon e Yayoi (14.000 aC – 300 dC), quando se acreditava que elas tinham um significado místico. Posteriormente, a cultura se afastou bem das tatuagens até o período Edo, quando voltou de uma forma muito diferente.

Com a chegada do século VII, a ideia de tatuar o corpo como forma de proteção ou para outros fins começou a perder seu apelo devido à forte influência dos costumes chineses no Japão – especificamente quando se tratava de identificar e rastrear atividades criminosas.

Por volta de 720, durante o período Nara, parece que a tatuagem como forma de punição começou a se infiltrar na cultura japonesa. Uma vez que o alvorecer do Período Edo começou, a forma de arte passou a ser mais amplamente usada como punição para criminosos.

Imagem: Edo Wonderland

Não existia prisões no período Edo até o desenvolvimento de grandes cidades como Osaka e Edo (Tóquio), o que levou a um aumento da criminalidade nunca antes visto. Antes, criminosos de pequenos delitos eram castigados através da amputação do nariz ou orelha.

Dependendo da gravidade do crime que foi cometido, também havia a pena de morte onde as cabeças dos criminosos eram decapitadas e expostas publicamente como meio de dissuadir os bandidos de infringirem a lei. Perto disso, a tatuagem parecia ser algo bem brando.

Foi em torno de 1745 que a amputação de membros foi substituída pela tatuagem na testa e isso continuou por um bom tempo, até que ela foi mudando para algo menos embaraçoso e que de certa forma está na moda nos padrões da atualidade – tatuagens no braço.

Cada traço no braço servia para registrar o número de crimes cometidos por um indivíduo. Imagem: Edo Wonderland

Estranhamente, bem no meio disso tudo, a arte corporal tão estigmatizada, de repente começou a tornar-se moda entre as pessoas comuns do Japão, e uma técnica tradicional de tatuagem criada no país que foi chamada de “tebori” era muito elogiada, inclusive no exterior.

Em 1872, no governo recém-estabelecido no Japão, a “pena da tatuagem” foi abolida de uma vez por todas. E qualquer tipo de tatuagem passou a ser ilegal, sendo considerado crime para quem o praticasse. Essa lei vigorou até 1948, logo após a Segunda Guerra Mundial.

A tatuagem sendo associada à criminalidade criou um grande estigma na sociedade japonesa e por este motivo ainda existem no país muitos locais públicos como piscinas, banhos sento, onsen, academias de ginástica, entre outros, que barram a entrada de pessoas tatuadas.

Embora ainda haja resistência, podemos notar que com o número cada vez maior de estrangeiros tatuados circulando no país, as coisas estão evoluindo e muitos estabelecimentos públicos tem afrouxado suas regras em relação à entrada de pessoas tatuadas.

E aí? Muito interessante né? Você tinha conhecimento sobre o “irezumi kei”, as tatuagens feitas em criminosos durante o famigerado Período Edo? Comenta aí embaixo! 🙂

Fontes: soranews24.com, dangerousminds.net
Imagem do topo: Edo Wonderland

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