Conheça a história de Jules Brunet, o francês que inspirou o filme “O Último Samurai”
Oi, como vai você? E seguindo com uma outra pergunta, você já assistiu o filme “The last samurai” (O Último Samurai)? Se ainda não, aconselho você a assistir pois é um ótimo filme, e se sim, você deve se lembrar do personagem do capitão Nathan Algren. Este personagem foi inspirado em uma história real, e o francês Jules Brunet foi responsável pela inspiração.
E para homenagear esta história maravilhosa, hoje irei contar mais sobre este francês que atuou pelo exército francês em várias guerras, entre elas uma em especial que o fez ir para a terra do sol nascente. E com suas contribuições foi condecorado com alguns prêmios e sua história ficou conhecida no mundo inteiro, especialmente após o filme americano.
Mas chega de enrolação, vamos direto aos detalhes da história pois com certeza você deve estar curioso para saber um pouco mais sobre a vida de Jules Brunet. Afinal, como ele foi parar em um país tão distante como o Japão e tornou-se uma figura tão importante neste país?
Começo da história
Jules Brunet nasceu em 2 de janeiro de 1838, em Belfort, no leste da França. Seu pai era médico veterinário militar. Talvez isto o tenha influenciado a seguir carreira nas forças militares. Em 1859 se formou na École Polytechinique (escola politécnica em francês) e ingressou logo em seguida na escola de artilharia, graduando-se em 1861 como tenente.
Logo ele começou a atuar pelo seu país, sendo que ele atuou na intervenção francesa no México no período entre agosto de 1862 a junho de 1864. Por este motivo, Brunet recebeu a Légion d’honneur, uma importante condecoração, em outubro de 1864.
Ordens de Napoleão III
A Missão Militar Francesa de partida para o Japão, em 1866. Ao centro Charles Chanoine, Jules Brunet é o segundo à partir da direita
Quem governava a França nesta época era o Imperador Napoleão III, um descendente do grande Napoleão. Napoleão III mandou um time de assessores militares ao Japão para uma missão militar e também para ajudar a modernizar o exército japonês. E Jules Brunet aos 29 anos de idade foi enviado como instrutor de artilharia, em setembro de 1866.
A missão chegou no início de 1867 e treinou as tropas do xogunato Tokugawa durante cerca de um ano. Como se sabe, os xoguns foram os detentores do poder no Japão por quase 700 anos. Mas em 1868 o imperador Meiji foi restaurado ao poder dando início ao processo da revolução Meiji. A missão francesa foi ordenada a se retirar das terras nipônicas por decreto imperial.
O problema foi que Brunet, ao contrário do resto dos integrantes da missão, decidiu ficar e tentar um contra-ataque junto com os sobreviventes do exército do Xogunato. Assim deu-se início à guerra civil Boshin, envolvendo o xogunato que defendiam o isolacionismo nipônico contra o Imperador Meiji e sua família, que eram favoráveis à modernização e abertura dos portos para o Ocidente. A guerra terminou em março de 1868, com a rendição do Shogun.
Atuação no Japão
Soldados franceses e japoneses da Republica de Ezo em 1869. Na fileira da frente, segundo da esquerda: Jules Brunet, ao lado de Matsudaira Taro, vice-presidente da Republica.
Jules Brunet foi muito ativo na guerra Boshin, que resultou na derrota do Xogunato. E depois da vitória do imperador Meiji, ele e seus aliados fugiram para Edo, atual Tóquio. Mas Edo também caiu, e eles novamente fugiram, desta vez para a ilha de Hokkaido, e lá proclamaram a república de Ezo, e seu aliado Enomoto Takeaki sendo o presidente.
Antes disso, Napoleão III havia ordenado que a missão militar francesa deixasse o Japão, no entanto Brunet, que se apaixonou pela “Terra do Sol Nascente”, se recusa a obedece-lo. Ele parte para Hokkaido como aliado de Enomoto Takeaki e como comandante da tropa levando consigo alguns oficiais franceses e o restante da tropa remanescente do xogunato.
Com o objetivo de manter as tradições samurai intocadas, Enomoto fez o pedido à Corte Imperial, que obviamente foi negado. Com isso, eles organizaram o exército Ezo, sob a liderança Franco-japonesa híbrida. Mas na batalha de Hakodate, as forças restantes de 3000 homens do exército de Ezo, foram derrotadas pelas tropas imperiais com 7000 soldados.
Enomoto se rendeu em 26 de junho de 1869, entregando a fortaleza Goryōkaku ao oficial da equipe de Satsuma, Kuroda Kiyotaka, em 27 de junho de 1869. Kuroda teria ficado profundamente impressionado com a dedicação de Enomoto em combate e é lembrado como aquele que o poupou da execução. Em 20 de setembro do mesmo ano, a ilha recebeu seu nome atual, Hokkaido, que significa literalmente “O caminho do mar do norte”.
O que aconteceu com Brunet após a derrota?
Mas com a derrota, o que aconteceu com Jules Brunet? Bem, após esse evento derradeiro, os seus esforços para resistir foram cessados, e Brunet e seus conselheiros franceses foram procurados pelo Império, mas não foram encontrados pois haviam sido evacuados de Hokkaido por um navio de guerra Francês, e de lá ele logo retornou a sua terra natal.
Apesar dos esforços do governo japonês em exigir uma punição severa para o oficial Jules Brunet, suas atuações corajosas, ganharam o apoio popular e ele foi aclamado pela população. Por este fato, não sofreu uma punição severa, mas apenas 6 meses de suspensão.
Pelo mais incrível que pareça, o aliado dele de resistência, o almirante Enomoto Takeaki, conseguiu entrar para o governo imperial e lá chegou à posição de Ministro da Marinha Imperial japonesa, e com esse cargo ganhou uma grande influência no governo japonês.
Tanto que por influência do mesmo, o governo perdoou as ações de Brunet, e também lhe concedeu medalhas, em 1881 e 1885, estas foram todas entregues na Embaixada do Japão em Paris. Promovido à Brigada Geral em dezembro de 1891, comandou a 48ª Brigada de Infantaria entre 1891 e 1897, depois a 19ª Brigada de Artilharia, tornando-se general em 1898.
Jules Brunet morreu em 12 de agosto de 1911, aos 71 anos na França. E sua história é até hoje conhecida pelas suas ações em vida e principalmente por suas atitudes corajosas no Japão onde sua popularidade alcançou o ápice e lhe levou a novos patamares.
The Last Samurai – o filme
É um filme clássico americano lançado em 2003, cujo ator principal é Tom Cruise, sim aquele de Missão Impossível e vários outros sucessos. Ele interpreta Nathan Algren, um oficial americano, cujos conflitos pessoais e emocionais o levam a travar um contato mais íntimo com guerreiros samurais durante o curso da restauração Meiji em pleno século 19.
O imperador Meiji, que subiu ao trono em 1867, ansioso para abrir seu país ao Ocidente tenta erradicar a antiga casta Samurai oposta ao seu poder. Mas pouco a pouco, Nathan Algren assume a causa dos rebeldes e se volta contra o imperador, desafiando sua hierarquia.
O filme foi bem sucedido, com uma arrecadação de bilheteria de 456 milhões de dólares em todo o mundo. E também foi selecionado para concorrer a vários prêmios, entre eles 4 Oscars, 3 globos de ouro e 2 National Board Of Review Awards. A crítica profissional também foi bastante favorável ao filme, com uma pontuação de 65% com média de 215 críticas.
O mais interessante disso tudo, mas que nem todos tem conhecimento é que a história de um oficial ocidental que desenvolveu uma paixão pela cultura tradicional japonesa e participou de eventos importantes e decisivos na história do Japão, de fato existiu: O francês Jules Brunet.
Recomendo vocês a assistirem o filme “The Last Samurai” (O Último Samurai) já que conta um pouco da história desse ícone francês que conseguiu o incrível mérito de cravar seu nome na história do xogunato japonês, recebendo inúmeras honrarias por causa disso.
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