Arte marcial kendo
A Prática do Kendo
Kendo é uma arte marcial japonesa baseada no Kenjutsu (arte da espada) e significa “caminho da espada”. A chamam também de a “natureza (Riho) da espada”. Essa técnica foi adquirida pelos Samurais (guerreiros japoneses) por meio de sua experiência em muitas batalhas utilizando a espada, porém não se limita apenas ao manejo da Shinai (espada de bambu), Bokuto (espada de madeira) ou Katana (espada longa japonesa).
Enfatiza especialmente o cultivo do Reigi (etiqueta), da disciplina e do espírito, além de aprender sobre a natureza da espada. Para entender, é importante estudar o espírito do Samurai o qual está inserido na natureza da espada. E para aprender esse espírito, é preciso aprender a usar a espada em treinos rígidos. Esta é a razão pela qual o objetivo do Kendo é geralmente referido com “o caminho para desenvolver o indivíduo”.
O Ken (espada, técnica) é estudado de duas formas: O Kendo com shinai (espada de bambu) e o Kendo Kata, onde é usado o bokuto (espada de madeira maciça) ou o Katana (espada real, com lâmina). Uma característica marcante do Kendo é que a prática e os ensinamentos do Kendo não devem ser remunerados e nem cobrados.
Isto é, não pode assumir caráter profissional ou comercial, salvo a quantia necessária a manutenção do Dojo (academia), sendo essa uma Regra internacional determinada pela IKF. Por estas e outras coisas que fazem dessa arte marcial tão especial em uma das disciplinas japonesas tradicionais mais difundidas no mundo.
Kendo, o caminho da espada
Ao contrário de outras práticas esportivas, o kendô, o judô e o aikidô, não têm como princípio a conquista da vitória. Essas modalidades esportivas visam o aperfeiçoamento, não somente esportivo, mas principalmente, o aperfeiçoamento como ser humano. Daí serem um “caminho”, um meio, e não o fim.
Conhecido como a arte marcial dos samurais, o kendô foi mais difundido a partir do século 16. Porém, tanto o judô como o aikidô, e também outras manifestações artísticas como o ikebana (kadô), caligrafia (shodô) e a cerimônia do chá (sadô) se pautam do mesmo princípio. Todos levam o termo “dô”, que significa “caminho”. É o caminho da perfeição, na verdade inatingível.
Por este motivo, o respeito ao adversário, ao mestre e ao local onde se pratica o esporte é muito valorizado. Há em todas elas profundas regras de comportamento, como o cumprimento ao adversário no início e no final de cada partida, agradecendo ao oponente independente do resultado.
A arte marcial kendo
Kendo é uma espécie de esgrima. Seus lutadores utilizam uma espada de bambu, chamada de shinai e são protegidos por uma armadura pesada com equipamentos de proteção como o bogu. Com o uso destes equipamentos é possível realizar os combates sem risco de lesões causadas pelo impacto dos golpes. Os oponentes procuram esquivar-se dos golpes do adversário e procuram atingir com o bastão os três alvos: a cabeça, o braço e a lateral do tórax.
A ideia original do Kendo foi simplificar o amplo conjunto de técnicas e posturas existentes no Kenjutsu em quatro golpes básicos a partir de uma única postura de luta. Desta forma foi possível difundir o Kendo como uma atividade física onde é possível aliar a competição e o desenvolvimento do caráter.
Hanshi
Mochida Moriji nasceu 1885 e morreu em 1974, com 89 anos. É considerado um dos maiores praticantes de kendo na história, dedicando mais de 50 anos de sua vida ao “caminho da espada”, como forma de melhorar sempre suas habilidades técnicas e pessoais. O mestre Moriji Mochida foi o último a receber o 10 º Dan por sua habilidade inigualável, sendo respeitado e reverenciado pelo mundo todo.
“É através de um espírito forte que alguém supera a inevitabilidade do corpo tornar-se fisicamente fraco.” – Mochida Moriji Hanshi
Com essa frase, Mochida mostrava o quanto era importante treinar a mente e o espírito para compensar a fraqueza do seu corpo. “O corpo tem um limite que chamamos de idade, porém a mente e o espírito são infinitas.”
Kendo no Brasil
No Brasil a técnica do kendo foi difundida através dos imigrantes japoneses. Atualmente quem se destaca em nosso país nessa arte é o Sensei Jorge Kishikawa, 7º Dan Kyoshi de Kendo pelo Japão, a graduação mais alta existente no Brasil. Foi o primeiro mestre a alcançar esta graduação no país através de avaliação feita por uma banca examinadora composta por mestres japoneses.
Por duas vezes foi pentacampeão brasileiro de Kendo, além de conquistar importantes títulos mundiais para o Kendo brasileiro, como a conquista da primeira medalha em competições individuais (Tóquio, 1977), 2º lugar no mundial de Paris (1985) e 3º lugar por equipes no torneio mundial de Seul (1988), dentre muitos outros. Veja uma reportagem dele sobre a técnica do kendo.
Uma breve história sobre o Kendo
No meio do décimo século (Heian Era) do Japão, as espadas que apresentavam características originais do Sori (uma lâmina levemente arqueada) e do Shinogi (com saliências na lâmina) eram produzidas e se tornavam a principal arma usada nos campos de batalha. Essas espadas simbolizavam o espírito do Samurai.
A partir daí, é dito que a espada japonesa carrega a mente do Samurai e tem se desenvolvido e prosperado como um trabalho de arte que representa a força e a beleza da verdadeira “mente”.
Durante o 15º e 16º séculos (durante a era de estados guerreiros e da primitiva Era Tokugawa), muitas escolas de Kenjutsu se estabeleceram e, no 18º século (no meio da Era Tokugawa), o Kendo-gu foi desenvolvido.
Em resultado, um novo treinamento de Kenjutsu utilizando shinai (espada de bambu) foi estabelecido, e um novo tipo de competição de Kenjutsu ganhou popularidade nos Dojos locais, espalhando-se pelo país na metade do século 19 (por volta do término da Era Tokugawa).
No início do século 20 (após a Restauração Meiji e o início da Era Taisho), esse tipo de treinamento, conhecido como Gekiken ou o Kenjutsu foi renomeado Kendo. E o Kendo era o representante do Budo o qual era baseado no espírito do Samurai japonês. Dessa maneira, o Kendo que conhecemos hoje é o Kendo que se desenvolveu ao longo desse processo histórico.
O Caminho da Espada: 100 anos de Kendo no Brasil
Em comemoração aos 100 anos da Imigração japonesa e aos 100 anos de Kendo no Brasil, foi criado um filme chamado: “O Caminho da Espada: 100 anos de Kendo no Brasil” em homenagem aos grandes Mestres do Kendo que imigraram para o Brasil desde 1908 com o primeiro navio Kasato-maru.
O filme foi produzido por Sergio Martinelli, direção e roteiro por Cadu Assalin e a tradução feita por Luis Kobayashi, porém ainda está em processo de captacao de recursos financeiros, incentivado pela Lei do Audio-visual.
Assista a um trecho do trailer:
Livros sobre kendo
Kendo – Guia essencial para dominar a arte |
A arte do kendo e do kenjitsu |
O coração do kendo Darrell Max Craig |
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