Agricultor luta pela descontaminação do solo em Fukushima
Projeto visa revitalizar áreas afetadas pelo desastre nuclear
No dia 11 de março de 2011, a terra no Japão tremeu furiosamente durante seis minutos. Em seguida, ondas de até 40 metros de altura invadiram a costa japonesa deixando um rastro de destruição por onde passava. Mais de 16 mil vidas foram ceifadas na tragédia. E em Fukushima, milhares de pessoas tiveram que deixar suas casas por causa da crise nuclear que se instalou na região.
Muitos agricultores em Fukushima viviam do plantio arroz. Com a contaminação do solo por causa da radiação, muitos deles tiveram que encontrar outros meios de sobrevivência. Um deles é o Sr. Sugiuchi Kiyoshige, de 66 anos de idade, que por 18 anos cultivou arroz orgânico em Minamisoma.
Localizada a 25 km da Usina Nuclear Fukushima Daiichi, a cidade teve que ser evacuada por causa dos altos níveis de radiação. O arroz até então produzido na cidade foi inspecionado e após testes de segurança, foi liberado para o consumo, porém o solo altamente contaminado abalou sua reputação, fazendo com que muitos agricultores deixassem de produzir arroz na região.
Preocupado, o Sr. Sugiuchi Kiyoshige pensou: O que pode ser feito para reverter essa situação? Como transformar essa nova realidade em algo que possa beneficiar toda a comunidade de Fukushima? O primeiro passo na opinião dele seria a descontaminação do solo. Mas como fazer isso?
Ele descobriu que o Nanohana ou colza (Brassica napus) foi usada para descontaminar o solo na Ucrânia, após o incidente de Chernobyl. Segundo pesquisas, esta planta tem capacidade de sugar radioisótopos do solo, ao mesmo tempo que o óleo obtido de suas sementes permanece livre da contaminação, podendo ser usada de forma segura como óleo de cozinha ou em cosméticos.
Durante o outono de 2011, ele plantou a primeira semente de colza em seu terreno. Em setembro de 2014, o óleo de colza batizado de “Yuna-chan” começou a ser comercializado graças à ajuda da comunidade, principalmente dos estudantes do ensino médio que ajudaram na colheita e na produção.
Cinco anos após o desastre, podemos ver algumas áreas que estão em franca recuperação embora muitas cidades ainda estejam abandonadas à própria sorte ao redor da usina de Fukushima.
Muitos moradores ainda não voltaram para suas casas e se encontram em abrigos temporários.
O Sr. Sugiuchi foi um dos moradores que resolveu voltar pra casa. Tornou-se ativista de uma ONG e junto com Toshihisa Kamitana, criou o Conselho de Regeneração da Agricultura em Minamisoma.
O projeto tocado por essa associação tem o objetivo de descontaminar o solo e revitalizar a economia da região através da venda de produtos produzidos à partir do óleo da semente de colza.
Como a planta colza absorve apenas uma pequena quantidade de resíduos radioativos, levará muitos anos até que o solo de Minamisoma esteja completamente descontaminado da radiação.
Mas ao ver as flores de colza agitando-se ao vento, o Sr. Sugiuchi sente um vislumbre de esperança.
Apesar do abandono e da devastação ainda presente em Fukushima, o local tem se mostrado com potencial para recuperar-se economicamente através de ideias inovadoras. Uma delas envolve a geração de energia renovável, a partir do metano emitido pela fermentação da canola.
Campanha “Corações Conectados”
Com o óleo de canola de Fukushima, a empresa LUSH criou um sabonete chamado Tsunagaru Omoi, que significa “Corações Conectados”. Este sabonete simboliza a esperança e o renascimento de Fukushima. A ideia é conectar os corações de todas as pessoas envolvidas nessa causa.
O sabonete foi lançado no dia 01 de março de 2016, cinco anos após o tsunami e duas semanas antes do White Day (14/03), uma data especial em que as mulheres costumam receber presentes. Quem comprar o sabonete estará ajudando a causa já que parte do dinheiro arrecadado será doado para organizações que apoiam as famílias e comunidades afetadas pelo desastre nuclear.
Assista o vídeo:
Link do vídeo (YouTube)
Fontes: Lush, Japan Real Time