Fusako Sano, a garota que foi mantida em cativeiro por mais de nove anos
Em 1990, Fusako Sano foi sequestrada aos nove anos e mantida em cativeiro por nove anos por Nobuyuki Sato. Este foi o sequestro mais longo registrado no Japão.
Em novembro de 1990, Fusako Sano foi sequestrada aos nove anos e mantida em cativeiro por mais de nove anos por Nobuyuki Sato. Este caso ficou conhecido no Japão como o “Confinamento da menina de Niigata” e trata-se do sequestro mais longo ocorrido no país.
Na ocasião, Fusako Sano era aluna da quarta série do ensino fundamental e desapareceu em 13 de novembro de 1990, aos nove anos, depois de assistir a um jogo de beisebol na sua escola localizada em sua cidade natal, Sanjō, província de Niigata, Japão.
Uma grande busca policial não conseguiu encontrar a menina desaparecida. A polícia chegou a considerar a possibilidade de ela ter sido sequestrada por agentes de inteligência norte-coreanos. Mas na verdade, ela tinha sido sequestrada por Nobuyuki Satō, um japonês desempregado mentalmente perturbado que na época tinha 28 anos de idade.
Ele a forçou a entrar em seu carro e, posteriormente, a levou para o andar de cima de sua casa em Kashiwazaki, Província de Niigata. A casa ficava a 55 quilômetros do local onde ela foi sequestrada e a apenas 200 metros de um kōban (subestação policial).
Os anos perdidos
Enquanto Sano estava inicialmente assustada, de acordo com suas próprias declarações, ela acabou se resignando e aceitando seu destino. Sato a manteve amarrada por vários meses e usou uma arma de choque para punições se ela não gravasse corridas de cavalos na televisão.
Sano era constantemente ameaçada com uma faca. O sequestrador dividia com ela suas próprias roupas e lhe dava comida três vezes por dia, seja comida instantânea ou refeições preparadas por sua mãe, que morava no andar de baixo da casa, e que supostamente não sabia de nada.
Ele também cortou o cabelo dela. Como não havia banheiro ou toalete no andar de cima onde Sano estava confinada, ela só podia tomar banho raramente, quando seu algoz permitia.
Ela passou a maior parte de seu tempo em cativeiro ouvindo rádio, e supostamente só foi autorizada a assistir TV no último ano de sua provação. Enquanto a porta nunca foi trancada, Sano não teve coragem de dar um passo para fora por nove anos. Mais tarde, ela disse à polícia: “Eu estava com muito medo de fugir e acabei perdendo a energia para escapar”.
A mãe de Satō morava no andar de baixo e aparentemente não sabia que seu filho mantinha a garota no andar de cima, já que ele se tornava muito violento sempre que ela tentava subir as escadas. No entanto, a polícia acredita que a mãe poderia ter algum conhecimento da presença de Sano; pois foi alegado que ela comprou produtos de higiene feminina para a vítima.
Descoberta
A mãe de Nobuyuki Satō, então com 73 anos, consultou o centro de saúde pública em janeiro de 1996, porque seu filho estava agindo de forma estranha e violento com ela. Ela ligou novamente em 12 de janeiro de 2000 e em 19 de janeiro, solicitando uma visita à sua casa.
As autoridades finalmente visitaram a casa na sexta-feira, 28 de janeiro de 2000. Satō não reagiu nada bem com a presença dos agentes e a polícia foi chamada ao local. Na ocasião, Sano, então com 19 anos, abordou os policiais e se identificou. Ela teria dito:
“Fui raptada perto da escola por um homem que me forçou a entrar num carro. […] Durante nove anos, não dei um passo para fora de casa. Hoje eu saí pela primeira vez.”
Após seu resgate, Sano foi encontrada saudável, embora extremamente magra e fraca devido à falta de exercício: ela mal conseguia andar. Ela também estava desidratada. Devido à falta de exposição à luz solar, ela também tinha um tom de pele muito amarelada e sofria de icterícia.
Enquanto seu corpo era o de uma mulher de 19 anos, mentalmente ela agia como uma criança. Ela também sofria de transtorno de estresse pós-traumático. Sano se reuniu com sua família. Sua mãe não a reconheceu inicialmente, pois ela a viu pela última vez aos 9 anos.
Consequências
Nos anos seguintes, a saúde física de Sano melhorou. Sem estudos, ela ajudava no arrozal de sua família. Como resultado da falta de interações sociais durante seu cativeiro, ela teve dificuldades para se ajustar à vida normal, tem poucos amigos e gosta de passear sozinha.
Ela gosta de fotografia digital, especialmente de flores, e obteve uma carteira de motorista. Vizinhos comentam que ela é fã do time de futebol local da J. League , Albirex Niigata, e ia a alguns de seus jogos. A família Sano se recusou a comentar sobre o ocorrido.
Esse caso teve muita repercussão no Japão e a polícia de Niigata foi muito criticada na época pois Satō já era conhecido da polícia por infligir violência contra outra menina em 1989. No entanto, seu nome de alguma forma nem sequer foi cogitado como suspeito no crime.
Além disso, no momento do resgate de Sano, o chefe da Polícia de Niigata, Koji Kobayashi, nem sequer apareceu na delegacia para supervisionar o caso, pois havia passado a noite jogando mah-jong com o chefe dos Escritórios Regionais de Polícia, o que levou os dois a renunciarem seus respectivos cargos em fevereiro de 2000.
Julgamento
Logo após a libertação de Sano, Nobuyuki Satō, então com 37 anos, foi hospitalizado imediatamente como mentalmente instável. Em 10 de fevereiro de 2000, seu status legal foi alterado de suspeito para culpado e ele foi preso em 11 de fevereiro de 2000.
O julgamento ocorreu em 23 de maio de 2000. No processo, os promotores agiram com muito cuidado para evitar maiores danos à saúde mental de Sano. A promotoria incluiu até acusações menores contra Satō (por exemplo, furto de roupas íntimas femininas) com o objetivo de colocá-lo na prisão pelo maior tempo possível.
Apesar de existir uma alegação de insanidade criminal, os psiquiatras consideraram Satō mentalmente apto para enfrentar as acusações. Em primeira instância, em 22 de janeiro de 2002, o Tribunal Distrital de Niigata o condenou a 14 anos de prisão.
Após a sentença, Sato foi levado para cumprir sua pena na prisão de Chiba, mas foi libertado da prisão em abril de 2015. Por volta de 2017, Sato foi encontrado morto, sozinho em um apartamento na cidade de Chiba. Ele estava na casa dos 50 anos na época.
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