Alguém pediu ao presidente da Nintendo, Satoru Iwata, que demitisse funcionários, e sua resposta foi simplesmente incrível
Questionado por que não demitia funcionários para se recuperar de uma crise, o presidente da Nintendo respondeu algo que todo funcionário gostaria de ouvir.
Satoru Iwata atuou como o diretor executivo e quarto presidente da Nintendo de 2002 até sua morte em 2015. Ele é admirado e respeitado por toda a comunidade de jogos por sua gestão ímpar, mas acima de tudo também por suas atitudes humanas irrefutáveis.
Um exemplo disso, foi no início de 2010, quando a Nintendo estava sofrendo financeiramente, com as vendas caindo ano após ano. A empresa normalmente rentável sofreu perdas operacionais em 2012, após o lançamento do Wii U, que não alcançou as expectativas.
Tudo isso estava na mente dos investidores durante a assembleia de acionistas que ocorreu em junho de 2013. Se isso não bastasse, ainda havia a ameaça iminente do rival PlayStation 4 da Sony, que estava programado para lançamento no final daquele ano.
Durante a reunião, alguém mencionou o fato de que as vendas da Nintendo embora estivessem caindo, foram iguais às de 2000. A empresa havia conseguido um lucro considerável em 2000, portanto, se agora estivessem sofrendo perdas, não poderia ser um sinal de que seus custos estavam muito altos? Após esse comentário, veio a pergunta direta e reta à Iwata:
“Você não acha que seria melhor para nós ter uma rodada de demissões?”
Iwata então respondeu calmamente:
“Se estou entendendo sua pergunta, você está se perguntando por que não estamos tendo lucro agora, quando no passado tínhamos o mesmo valor de receita?”
Ele então explicou que um dos principais fatores foi o enfraquecimento das moedas estrangeiras, especialmente o dólar americano e o euro, em relação ao iene, o que significa que as vendas da Nintendo no exterior, quando convertidas de volta para ienes, teriam sido menores do que o normal, mesmo vendendo a mesma quantidade de jogos e consoles naquele ano.
Ao mesmo tempo, a maior parte do desenvolvimento da empresa foi no Japão, onde os salários eram pagos em ienes, resultando em uma situação em que grande parte da receita estava em moedas desvalorizadas, enquanto suas despesas permaneceram as mesmas.
Sobre a pergunta feita pelo acionista sobre demitir alguns de seus funcionários para tentar reverter as dificuldades financeiras da empresa, Iwata respondeu:
“Se as pessoas que trabalham em nossa empresa têm medo de perder seus empregos, não serão capazes de fazer jogos que vão mover o coração dos jogadores.”
Iwata não queria que seus funcionários se sentissem inseguros pelo medo da demissão, pois ao invés de concentrarem suas mentes em: “Qual seria um poder legal para Mario em seu próximo jogo?”, teriam que se concentrar na pergunta: “Vou ter um emprego amanhã?”
Iwata continuou:
“Obviamente, precisamos reduzir despesas desnecessárias e buscar formas mais eficientes de trabalhar, e há empresas que dizem ‘Vamos voltar à lucratividade despedindo pessoas’.
Mas, na Nintendo, são as contribuições individuais de cada trabalhador em cada divisão que tornam a nossa empresa o que ela é. Não creio que cortar uma parte de nós mesmos, dizendo ‘A empresa está em uma situação difícil, então gostaríamos que você saísse’, seja uma forma de conseguir um fortalecimento a longo prazo da empresa.
Minha intenção é reduzir despesas desnecessárias, operar com mais eficiência e gerar receitas que excedam esses custos.
Obrigado por sua pergunta.”
A recuperação da Nintendo não foi rápida e nem ao menos fácil, pois os prejuízos operacionais da empresa continuaram ao longo de 2013 e 2014. No entanto, em 2015, a empresa voltou a ter lucro e agora está provavelmente em uma das suas melhores fases financeiras.
Graças à sua atitude, os funcionários foram mantidos durante a crise, o que fez com que o respeito e a admiração das pessoas por seu trabalho aumentassem ainda mais.
“No meu cartão de visitas, eu sou um presidente corporativo. Em minha mente, eu sou um desenvolvedor de jogos. Mas em meu coração, eu sou um gamer.”
— Satoru Iwata
