15 fatos fascinantes sobre os Ainu, o povo indígena do Japão
A cultura Ainu é relativamente pouco conhecida e pode estar à beira da extinção. Aqui estão alguns fatos interessantes sobre o povo indígena do Japão.
Quando muitas pessoas pensam no Japão, pensam em uma nação em grande parte etnicamente homogênea devido à sua característica insular e, às vezes, tem-se uma imagem forte do povo japonês como sendo todos (ou quase todos) muito semelhantes entre si.
Pode ser uma surpresa saber que, apesar de ser um país relativamente pequeno, o Japão tem vários subgrupos étnicos distintos, incluindo uma cultura indígena conhecida como Ainu.
Os Ainu tem lutado há muito tempo para manter sua cultura e sua identidade. Muitos esforços tem sido feitos para que os Ainu sejam reconhecidos como uma cultura legítima ao lado da cultura japonesa “dominante”. Infelizmente, a cultura Ainu está quase à beira da extinção.
Nos últimos anos, o governo japonês tem criado iniciativas para promover a cultura ainu, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Sendo considerada uma cultura relativamente pouco conhecida, que tal conhecer alguns fatos e curiosidades interessantes sobre os Ainu?
15. Ainu significa “humano” em sua língua nativa
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Por mais isolado que o Japão pudesse ser, sempre esteve ligado especialmente com a Península Coreana e China. Por séculos, os japoneses identificaram sua terra natal de uma perspectiva externa, chamando-a de Nihon, “a origem do sol”. Ou seja, eles pensaram que sua terra natal era o leste da China – a terra do sol nascente. E eles se autodenominam Nihonjin.
Mas a palavra Ainu significa algo muito diferente. Significa “humano”. Imagine que, há muito tempo, os Ainu davam respostas totalmente naturais às perguntas de um visitante: Quem é você e onde estou? A resposta: “nós somos Ainu (humanos)”; e você está em “nossa pátria”.
O povo Ainu costumava chamar os japoneses étnicos de “Wajin”, um termo originário da China, ou “Shamo”, que significa “colonizador”. Ou ainda, “pessoas em quem não se pode confiar”, como disse certa vez uma pessoa que pertencia à etnia Ainu a um pesquisador.
14. O Japão só reconheceu oficialmente os Ainu em 2019
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Uma lei aprovada em abril de 2019 finalmente reconheceu os Ainu formalmente como uma cultura nativa japonesa, depois de décadas de luta dos Ainu pelo reconhecimento formal. A lei é destinada a proteger e promover a cultura dos Ainu, uma minoria étnica no norte do Japão, com assistência financeira, declarando pela primeira vez que eles são um povo “indígena”.
A nova lei agora exige que os governos central e local promovam a cultura Ainu, incluindo o turismo, a fim de corrigir as disparidades socioeconômicas de longa data enfrentadas por este grupo étnico. No entanto, houveram críticas por parte de alguns Ainu, dizendo que a nova legislação não é suficiente para reverter toda a discriminação que sofreram.
Embora a lei tenha sido promulgada em meio a um aumento da consciência global sobre a promoção e proteção dos direitos das minorias étnicas, ela não estipula direitos à autodeterminação e educação para os Ainu, apesar de ambos os direitos serem reconhecidos na declaração da ONU de 2007 sobre os direitos dos povos indígenas.
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A lei também simplifica os procedimentos para que o povo Ainu obtenha permissão das autoridades locais para realizar a pesca tradicional de salmão em rios e coletar madeira e outros itens nas florestas nacionais que são utilizadas em seus rituais tradicionais”.
A luta para manter sua língua e cultura iniciou-se no período Meiji (1868-1912) junto com a modernização do país, destacada por uma lei assimilacionista de 1899. A lei promovia a agricultura para os Ainu em vez da caça e pesca, práticas essenciais para sua cultura.
No entanto, em 1997, a lei de 1899 foi finalmente abolida e outra lei foi promulgada para preservar a cultura Ainu. Foi a primeira legislação que reconheceu a existência de uma minoria étnica no Japão, mas a lei não declarava oficialmente que os Ainu eram um povo indígena.
13. Um nativo Ainu tornou-se membro da Dieta Nacional
O ativista Ainu Shigeru Kayano (1926-2006) foi o primeiro Ainu a servir como membro da Dieta em 1994. Esse fato foi um ponto de virada para o povo Ainu, pois ajudou a espalhar a consciência sobre seu povo e sua cultura, que para muitas pessoas era então desconhecido.
Kayano Shigeru é considerado uma das mais importantes vozes no mundo em defesa da cultura Ainu, sua língua e costumes, buscando incansavelmente os direitos políticos, culturais e humanos para o povo Ainu com uma sabedoria indiscutível. Kayano Shigeru definia Hokkaido com uma única frase: “Hokkaido, Ainu no kuni desu” (Hokkaido, o país do povo Ainu).
12. As origens Ainu são difíceis de rastrear
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Se a longa história do Japão já torna difícil compreender a composição étnica do que se tornou hoje uma cultura amplamente homogênea, rastrear as origens do povo Ainu é particularmente ainda mais complicado. Mas acredita-se que esse povo já habitava Hokkaido desde o período Jomon (14.500 a 300 AC), ou seja, há mais de dezesseis mil e quinhentos anos.
Pesquisas arqueológicas e de DNA realizadas recentemente sugerem que os Ainu, ao contrário dos grupos que viriam a se tornar o que a maioria das pessoas considera etnicamente japoneses, descendem de uma fusão de três culturas: Jomon, Okhotsk e Satsumon.
As evidências sugerem que os primeiros Ainu tiveram contato com os mongóis e chineses antes do contato ativo e sustentado com os japoneses étnicos que hoje formam a maioria no país.
Infelizmente, há poucas informações sobre os Ainu devido às muitas práticas governamentais que os fizeram se distanciar do seu passado. No entanto, outros estudos do DNA mitocondrial, que remontam a grupos pré-históricos conhecidos, sugerem que os Ainu têm ligações com a Eurásia – e até mesmo com a Rússia e a região ártica – em seu passado distante.
11. A cultura Ainu é muito diferente da cultura japonesa
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Costumes, práticas, religião e muitas outras características culturais diferem fortemente os Ainu da cultura japonesa dominante; embora os esforços de assimilação tentassem empurrar os Ainu para a agricultura, a cultura é tradicionalmente de caça, pesca e coleta de plantas.
Anthony Bourdain visitou o Shiraoi Ainu em um episódio de seu programa de viagens chamado “No Reservations” e capturou algumas das características distintivas da cultura, incluindo preservação de alimentos e técnicas de preparação, vestimenta e muito mais.
As roupas Ainu tradicionais e os padrões de higiene pessoal os diferenciam imediatamente: os homens Ainu que seguem os costumes tradicionais não se barbeavam depois de uma certa idade, mantendo a barba grande, enquanto as mulheres Ainu tradicionalmente tatuavam a boca e às vezes as mãos e antebraços – em contraste com os padrões tradicionais japoneses.
Como sabemos, as tatuagens são tradicionalmente ligadas à máfia Yakuza e um barbear limpo é considerado apropriado para todos os homens. As mulheres ainu foram proibidas de se tatuarem, mas para manter sua tradição, continuaram a se pintar com tintas temporárias.
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Os Ainu sempre foram uma sociedade que viveram da caça, coleta e principalmente a pesca; os métodos tradicionais de preservação de alimentos incluem defumação e secagem, principalmente do salmão. A religião Ainu também é muito diferente do resto do Japão.
10. Eles viviam em pequenas aldeias chamadas Kotan
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O povo Ainu tradicionalmente vivia em pequenas aldeias, ou kotan, ao longo dos rios de Hokkaido, Sakhalin e nas Ilhas Curilas. Cada kotan consistia em algumas dezenas de famílias. Eles moravam em casas de um ou dois cômodos, conhecidas como chise.
Um chise padrão tinha cerca de 4 metros de largura por 6 metros de comprimento. Um mastro de até trinta centímetros de espessura sustenta as esteiras de junco trançadas. Cada kotan tinha um chefe. Dentro das paredes de junco, a família cozinhava e como viviam em um clima notavelmente mais frio, era comum se reunirem em torno de uma lareira central.
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O motivo das casas estarem empoleiradas ao longo de um rio seria pela facilidade para pescar salmão. Em uma das extremidades da casa havia uma janela, uma abertura sagrada voltada para o rio acima, em direção às montanhas, considerada terra natal dos ursos.
Na crença animista dos Ainu, o espírito do urso poderia entrar ou sair pela janela. Do lado de fora da janela havia um altar, também voltado para cima, onde as pessoas realizavam cerimônias do urso. Já a lareira central era onde vivia a deusa do fogo Kamuy Fuchi.
Kamuy Fuchi protegia a casa e a família que ali morava, além de fornecer as almas para as crianças recém-nascidas. O fogo da lareira era considerada uma porta para o mundo espiritual, e era para onde ia as almas dos mortos. A habitação era quase como um ser vivente, e a espiritualidade da chise era, portanto, tão importante para os Ainu quanto suas funções práticas.
9. As crenças espirituais Ainu datam de centenas de anos
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Em contraste com as práticas religiosas japonesas como o xintoísmo e o budismo, os Ainu tradicionalmente aderem ao animismo, que afirma que tudo na natureza é espiritual. Para os Ainu, cada parte do mundo animal e natural, e mesmo as ferramentas que eles usam na vida diária, são manifestações de kamuy (deuses) que visitam o Ainu Moshiri ou “Terra do Homem”.
Particularmente três espíritos são considerados especialmente importantes nas crenças religiosas dos Ainu: Kim-un Kamuy, o deus dos ursos e das montanhas, Kamuy Fuchi, a deusa da lareira, e Repun Kamuy, deus do mar, da pesca e dos animais marinhos.
Uma das crenças que a cultura Ainu enfatiza é de apenas pegar a quantidade necessária de uma dada necessidade para a vida e agradecer ao espírito dos animais que eles comem, bem como realizar cerimônias para “enviar de volta” os espíritos dos animais mortos.
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A importância de Kim-un Kamuy aparece através da cerimônia Iomante, na qual ursos marrons ou outros animais selvagens eram sacrificados e seus espíritos enviados para o mundo dos deuses. Costumava ser uma das cerimônias mais importantes da cultura Ainu.
Hoje em dia, alguns Ainu se converteram ao Xintoísmo ou Budismo durante o processo de assimilação, e alguns dos Ainu mais ao norte foram convertidos pela Igreja Ortodoxa Russa. Mas muitos dos Ainu restantes ainda abraçam e defendem as crenças e práticas tradicionais.
8. Os Ainu não estão apenas no Japão
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Embora o Japão tenha recentemente reconhecido os Ainu como um grupo étnico indígena dentro do país, os Ainu também têm laços com outros territórios fora do Japão. O governo japonês estima apenas cerca de 24.000 Ainu em Hokkaido e cerca de 5.000 em Tóquio, mas devido à miscigenação ao longo dos anos acredita-se que há cerca de 200.000 Ainu no Japão.
Mas existem ainu também vivendo em território russo. Um grupo de Kuril Ainu mudou-se para Kamchatka no final do século 19, depois que a Rússia cedeu as ilhas Curilas ao Japão por meio de um tratado. Não há precisão nos números, uma vez que houve casamentos mistos nesse período – mas, a partir de um censo de 2010, havia mais de 100 Ainu vivendo na Rússia.
Dos 888 japoneses que viviam em território russo segundo o censo de 2010, 205 ou mais, tinham ascendência mista japonesa-ainu segundo pesquisas não oficiais – mas é difícil saber com certeza, devido às leis soviéticas que proibiam a documentação das pessoas Ainu.
7. As crianças Ainu tradicionalmente não recebem nomes “reais” até os 2 ou 3 anos de idade
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Embora, as práticas possam variar entre os Ainu modernos – especialmente aqueles que se adaptaram mais à cultura japonesa – os recém-nascidos na cultura Ainu tradicional recebem apenas nomes provisórios, e a natureza desses nomes geralmente não é muito elogiosa.
Com o objetivo de deter os espíritos associados à má saúde e infortúnio, nomes temporários dados aos bebês incluíam ” ayay ” (a onomatopeia usada para choro infantil), ” shipo “, ” poyshi ” (pequeno excremento), ” shion ” (excremento velho) e assim por diante.
“Velho” é uma parte comum dos nomes, usados para enganar os maus espíritos. Quando a criança chega aos dois ou três anos, ela recebe um nome permanente – geralmente com base em seu comportamento, hábitos ou desejos que os pais têm para o futuro da criança.
6. A língua Ainu está em perigo de extinção
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Do final do século 19 até a maior parte do século 20, o governo japonês tentou forçar os Ainu a se assimilarem com a cultura japonesa dominante. Um método de fazer isso era banir efetivamente a língua Ainu, enviando as crianças a escolas onde só podiam aprender japonês.
Um resultado previsível disso é a eventual perda da língua – junto com as histórias contadas por muitos grupos Ainu – ao longo do tempo. A UNESCO classifica a língua Ainu como ameaçada de extinção, com vários dos dialetos documentados já extintos.
Em 1997, o governo japonês aprovou a Lei de Promoção Cultural Ainu, que permitiu o desenvolvimento de cursos de idioma Ainu. Por causa de sua falta de forma escrita, a língua Ainu foi transcrita principalmente em kana japonês, o que teve um efeito na língua.
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Outros esforços incluíram o desenvolvimento de uma programação de rádio falada em Ainu. Infelizmente, os falantes nativos de Ainu, a maioria idosos, continuam diminuindo, mesmo com mais pessoas se esforçando para aprendê-los como uma segunda língua.
Embora as estimativas variem, o consenso é que há entre 50 a 100 pessoas que falam Ainu como sua primeira língua. Até hoje, apesar das leis mais recentes destinadas a preservar a cultura Ainu, as escolas de Hokkaido ainda não oferecem ensino nos dialetos Ainu.
Ao contrário da língua japonesa, que tem suas raízes no chinês, a língua Ainu é única. Não tem forma escrita conhecida e suas origens são desconhecidas. Mas por causa dessas dificuldades encontradas, não só a língua, como sua cultura estão ameaçadas de extinção.
5. Os Ainu caçavam com lanças e flechas envenenadas
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Embora os métodos tenham se atualizado um pouco nos últimos tempos, tradicionalmente os Ainu viviam da caça que era realizada por um período: a partir do final do outono até o início do verão. No resto do ano, eles costumavam viver da pesca e da coleta de plantas.
Os animais que os Ainu caçavam incluíam ursos, veados, coelhos, raposas, cães-guaxinim (tanuki) e vários pássaros, incluindo águias marinhas. Alguns deles eram realmente perigosos, então os Ainu desenvolveram um veneno para cobrir as pontas de suas lanças e flechas.
Muitos grupos indígenas têm práticas semelhantes, extraindo veneno a partir de plantas, e usando-as para tornar a caça mais fácil ou eficiente. O veneno preferido dos Ainu é chamado de surku, fermentado a partir de plantas acônito que eram nativas das áreas onde viviam.
4. Os Ainu sofreram uma discriminação terrível
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Os povos indígenas no mundo todo sofreram nas mãos dos colonizadores e com os Ainu não foi diferente. Por muito tempo, os japoneses negociaram com os Ainu por uma variedade de mercadorias; mas assim que o governo japonês iniciou o processo de modernização do país, eles consideraram os Ainu (junto com muitos outros grupos indígenas) um estorvo.
O resultado disso foi que se tornou cada vez mais difícil para os Ainu manter sua cultura. os Ainu foram banidos de suas práticas tradicionais de caça e pesca e forçados a enfrentar o trabalho agrícola. Assim que Hokkaido foi anexado ao país pelo governo japonês, seus filhos foram enviados para escolas mais distantes, onde só poderiam aprender japonês.
Até os nomes Ainu foram efetivamente banidos, com o Japão forçando os Ainu a adotarem nomes japoneses. A percepção dos Ainu – que foram assimilados pela sociedade como trabalhadores de classe baixa – como sujos, preguiçosos, atrasados ou primitivos continua, apesar dos esforços para aumentar o respeito e a dignidade dos grupos indígenas.
3. O povo Ainu quase foi exterminado nos séculos 19 e 20
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Mesmo antes dos esforços para introduzir os Ainu na cultura japonesa, o governo insistia que havia muito poucos Ainu. É verdade que a população do povo Ainu sempre foi menor do que a dos japoneses Wajin, e os esforços de assimilação afetaram cada vez mais os números.
Estudos sugerem que um grande número de japoneses têm ancestrais Ainu, mas muitos não sabem – precisamente por causa dos esforços por parte do governo japonês para erradicar a cultura Ainu. Durante o período Edo, os Ainu eram contados em 26.800 apenas em Hokkaido, com outros censos capturando grupos menores em territórios russos e outras ilhas.
Em vários pontos da história, há relatos que haviam cerca de 80.000 Ainu vivendo no Japão; mas por meio dos esforços após a conquista de Hokkaido e outros territórios, os laços culturais foram cortados e muitos Ainu também morreram de doenças infecciosas – assim como aconteceu com várias culturas indígenas nas Américas e ao redor do mundo.
Infelizmente, todos esses esforços deram algum resultado, com vários subgrupos Ainu efetivamente extintos, tais como o Tohoku Ainu, no século 17, Kuril Ainu do norte, no século 20, Kuril Ainu do sul, em 1973, Kamchatka Ainu, na Rússia, no século 18 e Amur Valley Ainu, no século 20. O Sakhalin Ainu caiu para 100 membros na última contagem oficial em 1949.
Embora muitos considerem o Japão, um país quase inteiramente homogêneo do ponto de vista étnico, há uma série de culturas indígenas que viveram no arquipélago e continuam a ter descendentes – conhecidos e desconhecidos – na sociedade japonesa contemporânea.
Os Ainu lutaram por muito tempo em troca do reconhecimento adequado de seu status como uma cultura distinta para proteger sua história e tradições. Embora os Ainu sejam uma minoria, sua cultura única continuará a intrigar e a interessar pessoas do mundo todo.
2. A cultura Ainu revivendo através do mangá e anime
Nos últimos anos, o governo japonês introduziu medidas para reviver e promover essa cultura ameaçada. Hoje, a geração mais jovem não mostra discriminação ou preconceito contra a cultura Ainu e tem mostrado um respeito crescente por ela. A cultura está cada vez mais acessível, através do manga, anime e do trabalho de músicos com raízes Ainu.
Um exemplo é o manga Golden Kamuy, que conta a história de um jovem japonês e uma garota Ainu ambientada há 100 anos. Este manga vendeu mais de 10 milhões de cópias e ganhou o Grande Prémio de Manga em 2016. Em 2018 foi transformado em uma série de anime.
A série foi escrita e ilustrada por Satoru Noda. A língua ainu na história é supervisionado por Hiroshi Nakagawa, um linguista Ainu da Universidade de Chiba. O mangá foi traduzido e publicado em toda a Europa, além de ter sido apresentado na maior exposição de mangá do British Museum no ano de 2019, intitulado como “Manga: The Citi Exhibition”
1. Lugares para aprender mais sobre a cultura Ainu
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Pensa em visitar Hokkaido? Então não deixe de conhecer mais sobre a cultura ainu quando estiver por lá. Uma dica é você visitar o Nibutani Ainu Culture Museum, inaugurado em 1992 e que conta com uma coleção que inclui 919 itens relativos à vida diária dos Ainu.
O Akanko Ainu Kotan, localizado ao lado do Lago Akan, em Kushiro, também é um excelente lugar para aprender mais sobre essas pessoas fascinantes e assim contribuir para manter viva sua surpreendente cultura. No local há uma vila de artesanato e o Akanko Ainu Theatre onde são realizados apresentações de danças tradicionais e shows de marionetes.
Outro local imperdível é o Upopoy – National Ainu Museum, inaugurado em 12 de julho de 2020. Upopoy significa “cantando em um grande grupo” e foi construído para substituir o antigo Museu Ainu (Porotokotan) que fechou em 2018 para dar lugar a este novo museu Upopoy.
É bom ver que tentativas estão sendo feitas para reconhecer o povo Ainu, ajudando a manter vivas suas tradições e educando as pessoas sobre eles. Cada vez mais pessoas estão tendo a oportunidade de conhecer esta cultura única. No entanto, pode ser tarde demais para essa cultura, que, por meio da opressão e da discriminação, está a caminho da extinção.
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