Vídeo mostra como funciona o “Shuukatsu”, o processo infernal de caça a empregos no Japão
Um curta-metragem criado por um estudante mostra como “Shūkatsu”, o processo de procura de emprego pode ser algo assustador e ao mesmo tempo, frustrante.
“Shuukatsu” ou “Shūkatsu” (就活) se refere ao processo de caça à empregos geralmente realizada pelos estudantes no último ano de universidade ou ensino médio. Vestidos todos de roupa social preta e camisa branca, os estudantes costumam passar por um longo processo de exaustão física e mental para encontrar um emprego antes de se formarem.
Eles participam de inúmeras feiras de empregos, sessões de briefing e seminários de diversas empresas na esperança de obter uma oferta de emprego, ou “naitei”. Os jovens costumam reclamar do sistema sugador de almas e de como pode ser difícil conseguir uma oferta de emprego sem abandonar completamente sua personalidade ao longo do caminho.
Um curta-metragem de animação criado por Maho Yoshida, um estudante da Tokyo University of the Arts ilustra bem todo o processo. Pode até parecer um filme de terror porém retrata a realidade difícil e muitas vezes deprimente do processo de procura de emprego no Japão.
O vídeo obteve grande atenção online e recebeu muitos elogios. Apesar do vídeo ser mudo, grande parte do filme é autoexplicativo, mas alguns momentos podem não ser totalmente claros para os não japoneses devido às diferenças culturais, então confira uma descrição abaixo.
O filme começa com uma “típica” estudante universitária, focada principalmente em amigos, festas, fofoca e moda. Mas enquanto ela é falante e animada, um dia fica confusa ao perceber que seus amigos tornaram-se mais quietos e desinteressados em eventos sociais.
A cena corta para uma definição de shuukatsu e como a maioria dos estudantes japoneses consegue um emprego logo após a formatura. Os seus amigos que outrora eram divertidos agora se revelam no meio da caça de emprego, onde os jovens renunciam à individualidade para atrair as empresas enquanto vestem um terno preto desbotado e camisa branca.
Para conseguir um bom emprego, os estudantes precisam abdicar de suas preferências pessoais, deixando de lado as roupas da moda e seus estilos próprios para adotar um traje formal que inclui terno preto e camisa branca, com uma maquiagem leve e um penteado clássico, adequado para aqueles que estão à procura de um emprego no Japão.
A personagem principal passa por uma “transformação” e começa a frequentar uma quantidade infinita de feiras de empregos, seminários e sessões de briefing de empresas junto com uma multidão desalmada de alunos de terno preto. Os rebanhos de alunos ouvem os recrutadores da empresa dizendo-lhes como é ótimo trabalhar para a empresa, e os alunos ansiosos concordam com a cabeça, na esperança de impressionar os possíveis e futuros empregadores.
Depois de estudar o manual do caçador de empregos, a personagem principal tem a chance de participar de uma discussão em grupo, onde empregadores em potencial podem entrevistar os funcionários em potencial. Nossa tímida aluna começa a praticar seu “sorriso de caçadora de empregos” sozinha no banheiro na esperança de se encaixar nesta árdua busca.
Ela se junta a seus colegas candidatos a emprego em um bar para afogar suas mágoas enquanto espera um resultado positivo de suas entrevistas de emprego. Mas enquanto seus dois amigos recebem uma boa notícia e festejam os seus últimos meses de vida universitária, ela se depara com a realidade deprimente de não receber nenhuma oferta de emprego.
Deprimida e abatida pela experiência, nossa heroína decide mudar seus métodos e adota a personalidade de “super caçadora de empregos”. Ela espera que atrair os recrutadores e a administração da empresa seja o bilhete de ouro para o prêmio final – uma oferta de emprego.
A personagem principal (literalmente) voa sobre seus concorrentes / colegas de classe e faz todo o caminho até sua entrevista final. No entanto, apesar de todas as suas tentativas, na cena final a vemos lendo um e-mail em seu celular que diz apenas “inscrição rejeitada”.
Os internautas japoneses ficaram pasmos com o que viram pois é um retrato muito preciso do árduo processo de busca de empregos em seu país e como isso é quase tratado como um enredo de um filme de terror. Eles se perguntaram se este curta-metragem de animação poderia levar as empresas ou universidades japonesas a reformular o sistema “Shuukatsu”.
Como pudemos perceber no curta-metragem de Maho Yoshida, intitulado como “Recruit Rhapsody”, o processo de recrutamento de emprego pelos estudantes japoneses pode ser algo assustador e ao mesmo tempo, frustrante quando os objetivos finais não são alcançados, causando um grande impacto emocional gerado pela pressão e estresse de todo o processo.