9 coisas surpreendentes sobre ter um bebê no Japão


6 coisas surpreendentes sobre ter um bebê no Japão

Sem anestesia para aliviar a dor, corte vertical em cesarianas, cortina durante os exames médicos, umbigo em uma caixa, etc – Como é ter um bebê no Japão?

Por falta de mão-de-obra na década de 1980, o Japão criou leis para facilitar a entrada de imigrantes estrangeiros no país. Milhares de brasileiros descendentes e seus cônjuges passaram a trabalhar no Japão com a expectativa de melhorar de vida no Brasil.

Com o passar do tempo, muitos resolveram se estabelecer definitivamente por lá. Outros constituíram família e tiveram seus filhos na Terra do Sol Nascente. Por outro lado, o Japão vem enfrentando um grave declínio populacional. A baixa taxa de natalidade tem registrado novos recordes a cada ano, sendo que em 2019, foi o menor nível de nascimentos desde 1874.

Certos fatores que contribuem para essa falta de bebês incluem questões de disparidade salarial de gênero, longas horas de trabalho, equilíbrio inflexível entre vida profissional e familiar para as mães e o alto custo de criar um filho no arquipélago japonês.

Para as mulheres que aceitam o desafio da maternidade no Japão é importante conhecer alguns fatos e curiosidades sobre o que esperar dessa decisão tão importante para as suas vidas. Confira 9 coisas surpreendentes sobre ter um bebê no Japão:

1. Anestesia para aliviar as dores do parto não é uma coisa comum

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Além do parto cesariana não ser incentivado, exceto em casos onde realmente seja necessário, no trabalho de parto normal raramente é usado anestesia. No Japão, que se orgulha de sua cultura “ gaman ” (aguentar / suportar), a maioria das mulheres japonesas nem mesmo considera a possibilidade de obter alívio da dor durante o trabalho de parto.

No entanto, nos últimos anos, “mutsuu bunben” ou “parto sem dor”, também conhecido como epidural (um tubo de plástico inserido na coluna para fornecer um nível estável de anestesia para anestesiar a metade inferior do corpo durante o trabalho de parto) começou a ganhar notoriedade, embora apenas alguns hospitais no país ofereçam essa opção.

A opção por uma epidural é considerada um luxo e, como tal, tem um preço luxuoso. Embora os preços variem entre os hospitais, você pode esperar pagar cerca de 100.000 ienes.

E isso se o seu bebê chegar durante o horário comercial de segunda a sexta, das nove às cinco horas, já que a maioria dos hospitais não oferece epidural caso seu bebê decida nascer fora do horário, devido à falta de anestesistas treinados na equipe. Por isso, se você pretende ter um “parto normal sem dor”, pesquise sobre isso com bastante antecedência.

2. Corte vertical em partos cesarianas

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No Japão, o corte longitudinal ainda persiste. Geralmente, o corte vertical é realizado apenas em situações emergenciais ou arriscadas para a mãe ou para o bebê, mas no Japão, pelo menos até um tempo atrás, o corte era feito mesmo em condições favoráveis.

Tal incisão confere maior rapidez e facilidade devido à localização dos músculos abdominais e ao acesso ao útero, além de propiciar menos sangramento. No entanto, esteticamente falando, a cicatriz que resulta desse tipo de corte não agrada a maioria das mulheres.

Antigamente, a mulher japonesa tendia a se preocupar menos com a estética, o que atualmente já não é verdade. Felizmente, as coisas estão mudando no Japão e cada vez menos, o corte longitudinal tem sido aplicado nas pacientes que necessitam dessa cirurgia.

3. O homem por trás da cortina

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Com uma sociedade amplamente patriarcal como a do Japão, não deveria ser uma surpresa que a maioria dos obstetras no Japão sejam homens. Mas para preservar a mulher de qualquer tipo de situação constrangedora, é usado um método bastante interessante.

Durante os exames ginecológicos, a paciente é levada para uma salinha com uma cadeira parecida com aquelas de dentista com uma cortina pendurada bem na frente dela. Ao sentar-se, a cadeira gira de maneira que a metade inferior do corpo fique atrás da cortina.

Momentos depois, o médico aparece do outro lado da cortina para realizar o exame. Em seguida, a cadeira abaixa e gira novamente, e a após se vestir, a paciente volta à sala principal para continuar a consulta com o médico. Isso é normal acontecer em todos os exames.

Não temos certeza se a cortina serve ou não para evitar o rubor da paciente ou do médico, mas independentemente, se você tem algum tipo de procedimento ginecológico no Japão, incluindo teste de Papanicolau, pode esperar fazer o exame completo através da cortina.

Curiosamente, durante a experiência de parto a cortina não é usada. O médico cuida do parto à vista da futura mamãe e de qualquer outra pessoa que estiver presente na sala.

4. Você pode sushi o quanto quiser, mas não pode ganhar muito peso

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As mães ocidentais frequentemente recebem uma longa lista de alimentos que devem evitar durante a gestação, como alguns tipos de queijos e peixes. Mas no Japão, nenhum médico pensaria em sancionar o sushi. Em vez disso, as mulheres são incentivadas a comer uma grande variedade de alimentos para garantir uma nutrição adequada para o bebê.

Uma coisa que os médicos são rigorosos, no entanto, é o ganho de peso – as mulheres são encorajadas a manter seu ganho de peso sob controle, e elas serão pesadas em cada check-up (que é mensal até o último mês, quando se torna semanal) e são muitas vezes repreendidas por ganhar muito peso. Quanto ganho de peso é permitido no Japão? Em média 5 kg.

Em outros países, um ganho de peso entre 11 e 16 kg é considerado normal durante a gestação. Uma teoria que explica por que o ganho de peso durante a gravidez é um problema no Japão é que ter um bebê menor pode reduzir o risco de precisar de um parto cesáreo. Mas a rígida política de vigilância do peso começou a ser reexaminada e vista com menos rigidez nos últimos anos, conforme o nascimento dos bebês japoneses tem diminuído a cada ano.

5. Você não pode questionar o médico – nunca

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Na sociedade japonesa, o médico é uma das profissões mais respeitadas e questiona-lo é algo que simplesmente não é feito. Os médicos japoneses geralmente não explicam nada aos seus pacientes, apesar de existirem médicos que ao atender estrangeiros demonstrem serem mais compreensivos com os pacientes que pedem esclarecimentos ou explicações.

Fazer exigências também é desaprovado, e as grávidas no Japão muitas vezes ficam felizes em simplesmente seguir as instruções e deixar todas as decisões para seu médico, tal é sua confiança depositada na medicina japonesa e nos médicos em geral.

Estrangeiros costumam tirar muitas de suas dúvidas com o seu médico, além de comunicar seus desejos tais como clampeamento tardio do cordão umbilical, escolher a posição do parto e até mesmo filmar o parto. Mas no Japão, o médico costuma tomar todas as decisões.

Na verdade, só nos últimos anos é que o “tachiai bunben” ou a presença do marido na sala de parto começou a ser permitido. Antigamente era preciso solicitar e nem todos os médicos autorizavam pois isso podia causar alguma distração na hora do parto.

Antigamente também não era comum tirar fotos ou gravar vídeos durante o parto, mas isso mudou atualmente. Outro detalhe é que episiotomia (corte do períneo para ajudar na saída do bebê) é comum durante um parto normal no Japão e são realizadas a critério do médico.

Embora confiar totalmente em um médico possa parecer contrário ao costume ocidental, que tem o hábito de, na maioria das vezes, buscar uma segunda ou terceira opinião, o Japão tem uma das menores taxas de mortalidade infantil e materna do mundo, então não é de se admirar que as mães japonesas se sintam à vontade deixando que o médico dê as ordens.

6. Visita ao santuário no Inu no hi (Dia do Cão), entre outras tradições

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Ao começar a fazer um pré-natal no Japão, você receberá uma infinidade de panfletos e folhetos referentes à maternidade. Entre esses documentos, você provavelmente encontrará algo mostrando um calendário com as datas do Inu no Hi (戌の日), ou Dia do Cachorro.

A tradição diz que, como os cães têm partos relativamente fáceis em comparação aos humanos, a grávida deve ir a um santuário e orar por um nascimento seguro no Dia do Cachorro designado durante o quinto mês de gravidez. Existem 2 a 3 Inu no Hi a cada mês.

O Inu no Hi é baseado no calendário tradicional japonês. Usando os animais do ciclo de 12 anos, o calendário japonês atribui um desses animais, um por dia, para um ciclo de 12 dias. Também existe a preocupação com o Rokuyou (六 曜), o sistema de calendário de seis dias de dias de sorte e azar. São eles que determinam os melhores dias para ir ao santuário.

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Outra tradição que pode assustar algumas pessoas é a manutenção do cordão umbilical do bebê. Após o nascimento, as mães são presenteadas com um pequeno pedaço enrugado e ensanguentado do cordão umbilical e uma caixa de madeira especial para mantê-lo dentro.

Tradicionalmente os pais mantêm o coto que cai do umbigo do bebê mais tarde, mas como havia o risco do coto cair em uma fralda ou algo assim ou se perder, o hospital tem uma política de cortar especialmente um pedaço fora logo após o nascimento para dar às mães. No Japão, o cordão simboliza o vínculo entre mãe e filho e deve ser guardado com cuidado.

As mães também recebem alguns outros conselhos que podem soar estranhos aos ouvidos ocidentais, incluindo manter a barriga aquecida com uma faixa na barriga e manter os tornozelos e pés cobertos com meias o tempo todo. Outra grande tradição é o Satogaeri Shussan, ou voltar para a casa dos pais durante o primeiro mês após o nascimento.

O intuito é que a mãe possa se dedicar totalmente ao bebê, enquanto outra pessoa cuida das tarefas domésticas. Além disso, durante o primeiro mês pós-parto, muitas mães evitam sair de casa com ou sem seus bebês, para evitar que tanto a mãe quanto o bebê, adoeçam.

7. É muito caro

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Como gravidez é um estado natural e não é considerada uma condição médica, ela não é coberta pelo serviço nacional de saúde. Como tal, ter um filho pode sair bem caro ao bolso.

No entanto, existem muitos fatores que influenciam o custo de se ter um bebê no Japão. Existem taxas diferentes para parto natural e cesariana, indução, peridural, episiotomia, extração a vácuo, etc, mais o tempo de internação (pode ser maior no caso de cesariana).

No entanto, o governo gentilmente fornece o reembolso no valor de 420.000 ienes, conhecido como Subsídio para Parto e Assistência Infantil. O governo também fornece jidou te-ate, ou abono de família, de 15.000 ienes por criança por mês até a idade de três anos, e depois, 10.000 ienes por criança por mês até o terceiro ano do ensino fundamental.

Além disso, as maternidades japonesas são conhecidas por fornecer uma estadia excelente para as mamães, com serviços complementares tais como: massagens e tratamentos de beleza; Refeições completas japonesas e toneladas de produtos grátis para bebês!

A maioria das mulheres entre japonesas e estrangeiras costumam ter boas experiências em maternidades japonesas. Os profissionais como médicos e enfermeiras costumam ser gentis e prestativos. Então no final das contas, elas valem o valor pago, devido à sua excelência.

8. Mesmo se nascer no Japão, não é japonês

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Essa é para filhos de estrangeiros, obviamente. Embora alguns países como EUA, permitem que as crianças nascidas em seu território se tornem cidadãos americanos, o mesmo não acontece no Japão, a não ser que um dos pais seja cidadão japonês legítimo.

No período de 14 dias, contados a partir da data de nascimento, a criança deve ser registrada na prefeitura onde os pais residem e pra isso é necessário levar o “Shussho Todoke” (um atestado de nascimento fornecido pelo hospital), além do “Boshi kenko techo” (Caderneta de Saúde Materno-infantil) e o Inkan (carimbo pessoal) do declarante (geralmente, do pai).

Como os filhos de brasileiros nascidos no Japão são brasileiros natos, o registro de nascimento também deve ser realizado no Consulado Brasileiro no Japão. O registro de nascimento é gratuito e será lavrado com base na certidão de nascimento estrangeira. No consulado brasileiro também será possível obter o passaporte brasileiro para a criança.

9. Licença-maternidade no Japão

8 coisas surpreendentes sobre ter um bebê no JapãoPixabay.com

Todas as mulheres que vivem no Japão e estejam inscritas no hoken (Shakai ou kokumin), tem direito a licença a maternidade. Se estiver trabalhando há mais de 1 ano com o mesmo empregador e tem o Shakai Hoken há mais de 1 ano também, tem direito a licença maternidade remunerada em 60% de seu salário normal, durante o período da licença.

O período de licença é de aproximadamente 98 dias, sendo que são 6 semanas de licença no período anterior ao parto e mais 8 semanas no período posterior ao parto. Para receber a licença-maternidade (Shusan Teateki), é preciso solicitar na empresa onde trabalha.

Atenção: Para ter o direito a licença, mesmo que você tenha mais de um ano na empresa e no Shakai, você obrigatoriamente precisa trabalhar até as 34 semanas de gestação. Se pedir para sair antes desse prazo, você perde seu direito. Esse é um detalhe muito importante!

Assim que a gestante para de trabalhar, a empresa da entrada na licença e a solicitante receberá seu pagamento de licença na própria conta bancária em que recebe seu salário. Para maiores informações sobre o assunto, consulte esta matéria na IPC Digital.

E aí? Gostou de saber mais sobre como funciona a maternidade no Japão? Já teve a experiência de ter filhos na Terra do Sol Nascente? Conta pra gente. Com certeza sua experiência poderá ajudar outras mamães que pretendem dar a luz no Japão.

Fonte: soranews24.com

4 Comentários

  1. Carlos

    Excelente post. Recentemente um casal de conhecidos no Japão recebeu “a vista da cegonha”. Eles disseram que tiveram sorte pois a empresa (estrangeira) onde o pai trabalha pagou a metade, mas mesmo assim, tiveram que arcar com uma boa grana à vista. Se não fosse por esta ‘ajuda’, eles não teriam como. Diante disso não me espanta o número cada vez menor de nascimentos. Era algo que o governo japonês deveria atuar, não?

  2. Pingback: 2020: Os nomes de bebês mais populares no Japão | Curiosidades do Japão

  3. Melissa Cezar Milanesi

    Muito interessante, gostei do post.

  4. Andréia Costa

    Já tive a experiência de ser mamãe no Japão e também a experiência no Brasil.
    Fui muito feliz nos meus partos nós dois países.
    Mais confirmo com a matéria que o atendimento na maternidade que tive meu filho foi perfeito, muita atenção e cuidado. A experiência de ser mamãe a primeira vez e no Japão foi maravilhosa, não tenho nada a reclamar.🥰🥰

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