A comovente história por trás da foto desses dois irmãos, logo após os infames ataques atômicos de Nagasaki, em 1945
Foto documental de Joe O’Donnell foi tirada logo após a explosão, em 1945
Imagine se uma guerra estourasse nesse exato momento e seus filhos ou irmãos mais novos fossem subitamente expostos aos horrores da violência e da destruição? Seria terrível não é?
Milhões de crianças foram forçadas a viver essas experiências durante a Segunda Guerra Mundial. Quando elas nos contam suas histórias, parecem irrelevantes devido à distância histórica, mas uma vez que o trauma devastador é transportado para um nível pessoal, tudo radicalmente muda. Talvez seja hora de entender realmente a magnitude da destruição.
Em 9 de agosto de 1945, os dois filhos que você mais ama acordam. O mais velho deles tem nove anos e o mais novo, apenas cinco. Eles viveram dias muito difíceis porque sua cidade foi bombardeada. Eles não sabem o que está acontecendo. Há alguns meses, a vida era tranquila e divertida, mas de uma hora pra outra, tudo ficou subitamente silencioso e escuro.
Naquela manhã, o alerta de bombardeio dispara novamente. Outro ataque está chegando. Os dois irmãos correm para os braços de sua genitora, com medo de que não sintam mais nada. O medo os paralisou mais uma vez. As ruas estão cheias de gritos e frenesi.
Tudo se torna caos e desespero. Os minutos passam e o aviso de aviso de perigo é desligado. Tudo fica em silêncio por um momento. As pessoas param de correr e gritar. Os pequenos param de chorar pensando que tudo acabou. Que eles estão seguros novamente.
A calma é interrompida por um relâmpago feroz. Um segundo depois, a casa pega fogo, o ar se torna sufocante, como se o próprio inferno tivesse sido desencadeado na terra. O cenário que se desenrola é apocalítico após a bomba atômica nuclear cair sobre Nagasaki.
Não há palavras que descrevam o que aconteceu a seguir. As coisas mais horríveis do universo caíram nessa cidade, atingindo todas essas pessoas. Eles mereciam? Com certeza não. Eram pessoas comuns, que de maneira nenhuma mereciam vivenciar essa tragédia.
Meses após a explosão, o fotógrafo americano Joe O’Donnell viajou para Nagasaki com o objetivo de documentar e capturar as consequências da bomba atômica. De todo o material que ele fotografou, a imagem a seguir teve um grande impacto em todo o planeta.
A criança que apareceu na foto correu para os braços de sua mãe minutos antes da detonação. Ele carregava o irmão mais novo nas costas. Mas seu irmão mais novo não sobreviveu a explosão, assim como toda a sua família e grande parte de sua comunidade.
“Vi um menino de cerca de dez anos andando. Ele estava carregando um bebê nas costas. Naqueles dias, no Japão, víamos crianças brincando com seus irmãos ou irmãs nas costas, mas esse menino era claramente diferente. Eu podia ver que ele havia chegado a esse lugar por um motivo sério. Ele não usava sapatos. Seu rosto estava tenso. A cabecinha estava inclinada para trás como se o bebê estivesse dormindo profundamente. O menino ficou lá por cinco ou dez minutos“, disse Joe O’Donnell.
Segundo O’Donnell, o garoto estava na frente de homens usando máscaras brancas, responsáveis pela incineração de corpos sem vida. Ele ficou diante deles, com o corpo ereto, como uma demonstração clara de como o militarismo havia influenciado a vida civil.
Segundos depois que a foto foi tirada, o garoto entregou o corpo de seu irmão para que ele fosse jogado nas chamas, se despedindo da última coisa que ele tinha no mundo.
“Os homens de máscaras brancas foram até ele e silenciosamente começaram a tirar a corda que segurava o bebê. Foi quando vi que o bebê já estava morto. Os homens seguraram o corpo pelas mãos e pés e o colocaram no fogo.
O garoto ficou ali sem se mexer, observando as chamas. Ele mordia o lábio inferior com tanta força que brilhava com sangue. A chama ardia baixa como o sol se pondo. O garoto se virou e se afastou silenciosamente. Esta é a história por trás da fotografia que chocou o mundo. É mais uma, entre tantas imagens documentadas que deixam claro por que esse evento nunca deve se repetir em qualquer lugar do mundo“. disse Joe O’Donnell
Esta foto ratifica o clichê da imagem que diz mais que mil palavras. É uma cena de silêncio ensurdecedor que proclama, como só uma grande foto consegue proclamar, a tragédia da guerra estampada nos olhos apagados de um menino órfão de dez anos de idade.
Essa imagem não apenas captura a tristeza da guerra, mas também mostra que a guerra continua afetando suas vítimas, mesmo depois de ter terminado oficialmente.
A trágica história daquele menino atingiu O’Donnell profundamente. Em uma entrevista de 1995 para a emissora NHK, por ocasião do 50º aniversário do ataque norte-americano, Joe se desculpou perante o povo do Japão, especialmente às famílias das vítimas dos bombardeios:
“Eu quero lhes manifestar nesta noite a minha dor e amargura pela dor e pelo sofrimento provocados pelos cruéis e inúteis bombardeios atômicos das suas cidades. Nunca mais Pearl Harbor! Nunca mais Hiroshima! Nunca mais Nagasaki!“, disse O’Donnell.
Se você sentiu alguma semelhança com o famoso filme de animação japonês do Studio Ghibli, lançado em 1988, “Túmulo dos Vagalumes“, você não se enganou. No filme, um jovem garoto, junto com sua irmã mais nova, lutam para sobreviver no Japão durante a Segunda Guerra Mundial, um retrato comum vivenciado por muitos órfãos durante esse período infame.
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