O Horripilante Caso “Sakakibara Seito”
O horripilante caso Sakakibara Seito
O Japão é conhecido no mundo inteiro por ter uma porcentagem baixa de criminalidade, embora esteja entre os países com maior número de suicídios, inclusive entre crianças e adolescentes. Porém, dias atrás, assisti um documentário que traz à tona alguns casos que tiveram grande repercussão no Japão e causaram comoção no país inteiro: Assassinatos cometidos por crianças.
Um dos casos mais chocantes no Japão é sem sombra de dúvidas o caso “Sakakibara Seito”, pseudônimo de um garoto assassino, também conhecido como “Garoto A” e “Onibara”, na época com 14 anos. Ele foi o responsável por duas mortes, além de atacar três garotas na região de Kobe no ano de 1997.
Uma das vítimas fatais foi Ayaka Yamashita, de 10 anos, que foi espancada com uma barra de ferro até a morte. Pouco tempo depois, foi a vez de Jun Hase, um estudante de 11 anos, que desapareceu em frente a sua escola. Ele foi decapitado com uma serra manual e sua cabeça, colocada próximo ao muro da escola.
O mais macabro foi o bilhete dentro da boca de Jun Hase, escrito com tinta vermelha, que dizia assim: “Isto é só o começo… Detenham-me se puderem … Desejo desesperadamente ver pessoas morrendo. Matar é uma excitação para mim. É necessário um julgamento sangrento para os meus anos de grande amargura.”
Ele ainda deixou sua assinatura: 酒鬼薔薇 聖斗 (Sakakibara Seito), cujos ideogramas significavam álcool, diabo, santo e luta. Depois, o assassino mandou outra carta ao Jornal Kobe Shimbum, que mais parecia um desabafo: Na carta, ele se mostrou ciente de suas atitudes e que elas eram o reflexo do rígido sistema educacional japonês.
Depois dessa, ele enviou outras cartas, onde sempre no final se declarava “School Killer” (Assassino de escola) e assinava o nome Sakakibara Seito, que em meio ao pânico geral, foi confundido pela palavra “Onibara”, o que fez aumentar ainda mais a ira do jovem assassino, por meio de uma carta enviada ao jornal de kobe.
Em junho de 1997, o jovem foi encontrado pela polícia e assumiu a autoria pelas mortes. Sua verdadeira identidade jamais foi revelada por ele ser menor de idade, porém suas ações fizeram com que o código penal juvenil de 1949 fosse revisto e a partir de então, jovens a partir dos 14 anos poderiam ser julgados como adultos.
Por ser um autêntico caso de psicopatia infantil, que provavelmente foi desencadeado por problemas sociais, o “Garoto A” foi encaminhado para um tratamento psiquiátrico que durou 6 anos. Em 2003, ele declarado “curado” e em março de 2004, aos 21 anos, ganhou liberdade condicional e uma nova identidade.
Seu paradeiro era notificado às famílias das vítimas por meio de um agente condicional, mas isso durou apenas até o dia 31 de dezembro de 2004, quando foi liberado pela justiça. Ele se mudou duas vezes e em seguida sumiu, sem deixar rastros. Ao que tudo indica, nem mesmo sua família sabe onde o “Garoto A” vive. Pra saber mais detalhes, confira este link.
No entanto, em 2015, o garoto assassino deu o ar da sua graça ao lançar sua autobiografia intitulada “Zekka”, onde narra em detalhes macabros os assassinatos cometidos por ele quando ainda era criança. A publicação causou repulsa entre a população e trouxe ainda mais indignação por ter sido lançado sem informar as famílias das vítimas de antemão.
Seito chegou inclusive a enviar exemplares do livro às famílias das suas vítimas com uma nota de desculpas lá dentro. Segundo a Ota Publishing Co., editora que publicou “Zekka”, Sakakibara pretende usar o dinheiro da venda do livro para compensar as famílias das vítimas. Estima-se que sua dívida com eles gira em torno de 200 milhões de ienes.
O caso “Sakakibara Seito” pode ser considerado o crime mais hediondo cometido por uma criança, mas está longe de ser o único no país. Segundo especialistas, o Japão é visto como um milagre econômico do pós-guerra, mas paralelamente à sua ascensão econômica, a população tem sido acometida por sérios problemas sociais.
O aumento de acontecimentos trágicos como suicídios e assassinados pode ser um sintoma de uma sociedade fragilizada e não apenas um desvio individual de conduta. É claro que os responsáveis pelos crimes devem ser punidos com rigor, mas também é necessário estudar as razões que desencadeiam tais problemas.
Tudo leva a crer que muitos acontecimentos estão relacionados ao bullying ou pela pressão imposta pelo rígido sistema educacional, visto que muitos casos acontecem dentro das escolas. Abaixo, um documentário que aborda esse assunto. Está em inglês, mas é possível configurar a legenda em português nas configurações do vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=LANU14usmTk
Link do vídeo (YouTube)
Referências: Psicologia Forense
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