Entendendo o Conceito de Honne e Tatemae


honne e tatemae

Para entender sobre o comportamento social dos japoneses é imprescindível compreender o conceito de Honne (本音) e Tatemae (建前). Confira o significado:

Para entender um pouco sobre o comportamento social dos japoneses é imprescindível que a gente entenda o conceito de Honne (本音) e Tatemae (建前). Afinal, o que significa essas duas expressões? Podemos dizer que Honne se refere ao que realmente sentimos e Tatemae significa ocultar esse “sentimento verdadeiro”.

Muitas pessoas podem encarar isso como “falsidade”, pois seria como pensar uma coisa ou ter uma opinião sobre determinado assunto, mas “esconder” perante a sociedade. Mas para os japoneses, honne e tatemae é uma forma de evitar rusgas e discrepâncias desnecessárias, mantendo assim, a harmonia de todo o grupo.

Pode parecer absurdo, pois hoje vivemos em uma era em que as pessoas não tem papas na língua e costumam dizer tudo que vêm à cabeça, sem se preocupar com o outro ou com o meio em que vive. Sinceridade é visto por nós como uma qualidade e de fato é, embora deva ser usado com cautela.

Melhor uma doce mentira que uma dura verdade?

honne e tatemae

Para os japoneses, mais vale uma “doce mentira” do que uma “dura verdade” e por isso, eles tendem a esconder seus sentimentos verdadeiros e suas opiniões sinceras. Pode soar “falso”, mas é algo inerente à sua cultura. No Japão, a sua postura em público deve estar acima de sua “intenção verdadeira”.

Dessa forma, eles aderem a um comportamento de “fachada” para não demonstrar o que realmente sentem. Devido à essa etiqueta social ou dificuldade de expressar emoções, os japoneses acabam levando a “fama” de serem “frios” ou passando a impressão de serem “insensíveis”.

Outro detalhe é que socialmente, é raro ver um japonês dizendo “não”. Mesmo que internamente queiram dizer, acabam respondendo com um “talvez” ou um “provavelmente”.

Isso porque o “não” pode soar rude e pode comprometer a “harmonia social“, que é muito presente na cultura japonesa.


Link do vídeo (YouTube)

Essa dualidade entre o que “realmente sentimos” e o que “fingimos sentir” é um tanto complexo não é mesmo?

Mas ao mesmo tempo, é importante aprendermos sobre essa conduta social para que assim possamos interpretar o modo de pensar e as atitudes dos japoneses dentro da sociedade.

Agora posso entender porque os japoneses gostam tanto do Bonenkai (confraternização de fim de ano) e Shinnenkai (confraternização de Ano Novo). Nessas festas, parece que a maioria deles procuram se libertar de todas essas “amarras sociais” que os impedem de serem “eles mesmos”.

E você? O que acha sobre o conceito de Honne e Tatemae? Gostaria muito de “ouvir” sua opinião… mas espero que não seja da forma “tatemae” (de fachada) e sim da forma “honne“, ou seja, a mais sincera possível 🙂

21 Comentários

  1. Caraca! Eu uso os dois conceitos! Apesar de gostar muito de cinceridade. O.O

  2. Maike Abreu

    Achei esse assunto muito interessante, mas eu costumo usar o “Tatemae”, não gosto de causar conflitos.
    E acho que o povo Japonês é muito unido, por causa do “Tatemae”, pois eles não tem intrigas, nem decepções com os outros!

  3. Raíssa S. Borges

    Eu realmente gostei disso! As vezes pensava que estava sendo falsa, mas o que eu realmente queria era evitar discussões! Sobre o que você disse ”Pode parecer absurdo, pois hoje vivemos em uma era em que as pessoas não tem papas na língua e costumam dizer tudo que vêm à cabeça, sem se preocupar com o outro ou com o meio em que vive.” concordo e acho um pouco de egoísmo, como você mesmo disse temos que usar a sinceridade com cautela, pois ela pode acabar se tornando falta de educação e magoar alguém. Como sempre ótimo texto! estou começando a amar seu site como amo o Japão hehe! Parabéns!

  4. Artur Ed Branco Abrantes

    Ser sincero ou esconder seus sentimentos são ferramentas que nós protegem no dia a dia. A sinceridade pode ser mais danosa do que verdade. Depende da situação. Pelo que entendi a postura japonesa nos confunde e sensação de passar frieza retorna como frieza. Pode-se perder muitas oportunidades agindo desta forma, mesmo que seja ao contrário o sentimento real. Essa é uma característica que nunca aprovei em outros povos, veja o caso dos Curitibanos no estado do Paraná/Brasil. Dizem que são frios e bairristas! Mas respeito as diferenças!

  5. rodrigo leite gomes

    Acredito que esse comportamento de fachada (Tatemae) não seria algo semelhante a falsidade. Entendo isso como simplesmente “guardar sua opinião ou sentimento para si”. Isso não implica em ser falso. Entendo que, muitas vezes, esse tipo de comportamento implica em tolerância, pois não é o fato de alguém ter feito algo que te afete/irrite justificaria neste caso você pagar na mesma moeda. Você pode simplesmente ter uma atitude mais “elegante” e não iniciar uma contenda por ninharias…

  6. Rodrigo

    A sinceridade, mesmo no Brasil,vai só até a pagina dois, quando a verdade é muito dolorida, quase sempre, deixamos com que as pessoas mais próximas, e, que possam explicar a coisa com calma, revele a verdade, ainda assim, se a verdade não for resultar em nada realmente relevante, o assunto pode simplesmente entrar para o esquecimento, ou, será que alguém diz a uma mulher que conhece, mas, não tem grande intimidade que ela está ridícula com a vestimenta atual para certa ocasião, ou, deixa que é próximo “dar um toque” assim, sendo, isso acontece e muito, e faz parte, ao contrário disso, chamaríamos de sem noção quem fizesse ao contrario, pois, se não é verdade que gostamos da roupa, é verdade que queremos que a pessoas se sinta bem e que tenhamos harmonia.

  7. Tony Simon

    Oiiii…em Setembro eu estarei em Chiba(perto de Toquio) e gostaria de saber mais acerca da cultura japonesa…sou mocambicano de 33 anos e vou para la estudar. Alguem por perto??!

  8. Felipe

    É preciso ter cuidado. Isso em si não é necessariamente negativo, mas pode ser usado para fins muito nefastos. Quando se tem que assumir sempre a “postura esperada” diante de tudo, as pessoas passam a nunca falar quando há um problema. E admitir abertamente que há problemas é a primeiro passo para resolvê-los. Quantas pessoas será que não tiveram algum problema com o qual poderiam ter sido ajudadas se tivessem falado, mas esconderam atrás de seu “tatemae” por pressão social, acabaram por não suportar o sofrimento e chegaram ao ponto do suicídio?

  9. Venusta Mie Fukushima Trindade

    Morei muitos anos no Japão e me adaptei muitíssimo bem tatemae…rsrs…Agora a dificuldade é me adaptar ao jeito despachado aqui, de nós brasileiros…
    Muito bom o artigo e quero agradecer o livro que acabei de baixar. Domo arigatougozaimasu

  10. Crhis Marques

    Achei muito interessante a matéria com muito conteúdo mesmo… por ser brasileira penso que o modo Tatemae deve ser usado na sociedade embora pra mim seja difícil porque fui criada no modo Honne, com a maturidade descobri formas de usar esses dois modos com cautela para evitar o sofrimento alheio e o meu próprio devo dizer que é uma tarefa árdua….

  11. Lidia Takagi

    Eu particularmente convivo direto com japoneses e mesmo entre eles existem aquelas pessoas que não aprovam muito esta conduta , pois è frequente ter mal entendidos e fofocas no ambiente de trabalho. Algumas pessoas exageram no tatemae e criam inimizades . Para mim o tatemae é uma faca de dois gumes. Ao relacionar-se com um chefe por exemplo , é preciso ter cuidado com o que se fala em função da hierarquia muito presente no Japão, mas entre colegas de trabalho que se relacionam frequentemente é preciso ter bom senso para não soar falso demais e ganhar a inimizade dos colegas. Aí entra o “ijime” por parte dos colegas , e esta é uma outra questão bem presente no ambiente de trabalho japonês.

  12. Katia

    Muitas vezes eu prefiro ter paz do que ter razão, porque morro de preguiça de discutir com gente chata, muitas vezes adoto a mesma postura dos japoneses. Porém quando já começam a querer me fazer de boba ou começam a passar do limite, já mostro logo que não é bem assim…

  13. Clovis

    Pra mim, tudo tem origem na exagerada preocupação do japonês com o outro, que o leva a querer aparentar quem ele não é. Esse comportamento social se estende a todos os níveis da sociedade e faz com que, no geral, o japonês desenvolva baixa auto estima, gerando uma série de consequências ao meu ver, negativas.
    Só quem vive aqui sob o tapete no qual o japonês varre a sujeira da sociedade é que sabe das verdades desse país por trás das aparências.

  14. Arthur

    É apenas um ‘achismo’ meu, mas acredito que essa atitude ‘tatemae’ (falsidade em prol da harmonia) leva pessoas as vezes infelizes a não buscarem ajuda, fingindo que está tudo bem e levando uma vida imposta pela sociedade. O problema disso pode estar vinculado a taxa de suicídios.

  15. Maiumi

    Muito boa a análise. O comportamento de fachada é irritante para mim, que gosto de verdade, sinceridade e honestidade por mais rudes e severas que sejam. Essa sociedade é realmente muito doente ao não expressar seus sentimentos. Adoecem a mente e tentam extrapolar com bizarrices de todos os formatos culminando com os suicídios. Bom, cada cultura com seus valores… Talvez esse senso de comunidade ou coletividade felizmente não exista por aqui.

  16. Ana Paula Miyamoto

    Achei muito interessante o artigo. Porém eu sendo uma pessoa muito autêntica e verdadeira,sempre vou optar por Honne.( Verdade)
    Caso eu não queira ser indelicada ou machucar alguém prefiro me calar, silenciar ou dar uma resposta muito delicadente. Eu prefiro sempre a verdade que dói do que a mentira que destrói.

  17. Por isso que tem tanto suicídio no Japão.

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  19. Loide Cavalcante

    Muito interessante, uma palavra dita pode deixar marcas profundas, no calor das emoções, admiro esse povo japones, o respeito que eles tem com as pessoas e com os idosos.

  20. Tita

    Odeio tatemae. Se eu não quero saber de uma coisa, eu não pergunto. Não saio dando opiniões se não sou perguntada. Sou objetiva e direta no trabalho, e não me ofendo também com críticas, desde que sejam ao trabalho, e não pessoais (é preciso aprender a não personalizar tudo). A menor diferença entre dois pontos é uma linha reta, não sou bruxa para adivinhar o que os outros querem ou sentem, então é melhor mandar a letra. Não peço desculpas e nem fico desculpando à toa, tem coisas que fazem parte da vida e pronto, toca o barco. Não sou barraqueira mas sim é sim, não é não, e talvez é talvez, isto é, vamos sentar e negociar, pegou a visão? Acho que por isso quase nunca tive problemas com trabalho: objetiva. E aqui a gente é bem mais direto, no Japão eu provavelmente me ferraria.

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