78° Aniversário da Rendição do Japão
No dia 15 de agosto de 1945, o Imperador Hirohito anunciou ao povo japonês pela rádio, que o Japão iria depor as armas. Era o fim da Segunda Guerra Mundial.
Dia 15 de agosto é marcado pelo 78° aniversário da rendição incondicional do Japão, evento que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial. No dia 15 de agosto de 1945, seis dias após o bombardeio de Nagasaki e depois de muita luta interna, o Imperador Hirohito anunciou através da rádio ao povo japonês, que o Japão iria depor as armas.
A rendição incondicional ocorreu quase quatro anos após o ataque às forças militares dos EUA em Pearl Harbor, no Havaí, e mais de uma década após o início das operações militares na Manchúria, China. A assinatura oficial do armistício ocorreu em 2 de setembro de 1945, a bordo do navio de guerra USS Missouri na baía de Tóquio, quando o general Umezu Yoshijiro assina o documento de rendição em nome das Forças Armadas do Japão.
O chanceler Mamoru Shigemitsu (atrás dele, de chapéu alto) já havia assinado, em nome do governo. Os dois foram mais tarde julgados e condenados por crimes de guerra. Umezu morreu na prisão e Shigemitsu ficou em liberdade condicional em 1950, servindo ao governo japonês até sua morte em 1957.
Cerimonial de Aniversário da Rendição do Japão
Todos os anos, uma celebração é feita na baía de Tóquio e no Budokan Hall (Salão de Artes Marciais), em memória das vítimas da Segunda Guerra Mundial, reunindo milhares de pessoas, entre eles, veteranos de guerra, parentes das vítimas, turistas estrangeiros e locais, além das presenças ilustres do Imperador Akihito e outros membros do governo como o primeiro ministro Shinzo Abe.
O Cerimonial da Rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial é repleta de crisântemos (Kiku). Esta flor é considerada “Flor Nacional do Japão”, pois tornou-se o brasão da família imperial. Ouras nomenclaturas Reais que usam esse projeto é “Trono de Crisântemo” e a “Suprema Ordem do Crisântemo
Outros encontros também são realizadas a cada ano para os aniversários da sangrenta batalha de Okinawa em junho e os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, ambos no início de Agosto.
Tem ainda o Mitama Matsuri, conhecido também como Festival das Almas, um dos maiores festivais Obon de Tóquio, que ocorre desde de 1947 no Santuário Yasukuni.
Durante o Mitama Matsuri, mais de 300 mil pessoas se reúnem anualmente no santuário, onde mais de 30 mil lanternas são acesas, deixando o santuário totalmente iluminado e espetacular durante a noite.
O evento, que destina-se a honrar os mortos, tem algumas atrações como desfiles mikoshi, concertos e espetáculos de dança tradicionais realizadas durante os quatro dias.
E quando tudo se parece com um festival qualquer, os visitantes poderão se surpreender com o Obake Yashiki, uma espécie de casa assombrada. O Festival Mitama ocorre sempre no mês de julho, normalmente entre os dias 13 e 16.
O polêmico Santuário de Yasukuni
Nesta data, cerimônias são feitas no Santuário de Yasukuni, em Tóquio. Yasukuni significa literalmente “santuário de um povo pacífico” ou “santuário para estabelecer a paz no império”. Este santuário xintoísta é dedicado aos soldados que morreram lutando pelo Imperador do Japão.
Muitas pessoas acreditam que este santuário seja a morada das almas de mais de 2,5 milhões de mortos pela Segunda Guerra Mundial, incluindo líderes de guerra e criminosos de guerra. Yasukuni é historicamente polêmico, pois ele relembra a época do militarismo japonês, quando o Japão lutou contra as forças aliadas na China durante a 2° Guerra Mundial.
Até o mês de outubro de 2004, o Livro das Almas continha uma lista com nomes de 2 466 532 soldados japoneses e coloniais (27 863 coreanos e 21 181 taiwaneses) mortos em conflitos bélicos, entre os quais se encontram catorze criminosos de guerra da Segunda Guerra Mundial, o que causou uma grande polêmica.
Embora, a ocasião seja para recordar e homenagear os mortos, ela traz também à tona, lembranças amargas da época do Japão militarista, as quais deixaram feridas que custam a cicatrizar em seus países vizinhos. Devido a estas feridas ainda abertas, visitas de altos cargos políticos ao santuário têm causado protestos internos e externos da China, Coreia do Norte, Coreia do Sul e Taiwan desde 1985.
A última vez que o Imperador Hirohito visitou o templo foi em 1978. A partir daí ele se recusou a visitar o templo até a sua morte em 1989. Ele contou, um ano antes de morrer, que o principal motivo de não voltar ao santuário era por não aceitar a homenagem feita aos criminosos de guerra.
Seu filho Akihito, jamais pisou no Santuário. O único que circulou por lá foi o ex ministro Junichiro Koizumi, já que durante seu mandato (2001 a 2006), visitou o templo, fato este que causou bastante polêmica e protestos por parte da China e Coreia.
História do Santuário de Yasukuni
O santuário foi construído em junho de 1869, a pedido do imperador Meiji, como um memorial aos mortos da Guerra Boshin. Se chamava inicialmente de Tōkyō Shōkonsha, porém em 1879 foi rebatizado como Yasukuni Jinja. Além de ser um local para realização de rituais xintoístas, o santuário também passou a acolher os kami (espíritos) dos soldados japoneses e colonias (coreanos e taiwaneses) mortos desde então em guerras.
Após a derrota dos japoneses na Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1945, as autoridades da ocupação aliada ordenaram que o Santuário de Yasukuni se convertesse em uma instituição não-religiosa dependente do governo ou então que mantivesse seu caráter religioso desvinculado do Estado. A segunda opção foi escolhida e desde então, seu financiamento é totalmente privado.
O santuário traz símbolos evidentes do nacionalismo japonês: bandeiras nacionais e placas que se referem a figuras como o general Hideki Tojo, primeiro-ministro japonês na época da Segunda Guerra Mundial, que ordenou o ataque a Pearl Harbor e foi considerado como um dos “mártires erroneamente acusados pelas forças aliadas”. Tojo foi enforcado por crimes de guerra por um tribunal norte-americano.
O local também é um ponto turístico que atrai cerca de 8 milhões de pessoas por ano, especialmente em datas memoriais como a do aniversário da rendição, onde milhares de pombas brancas são soltas em manifesto pela paz, além dos crisântemos, colocados em um altar pelos parentes de pessoas que morreram durante a Segunda Guerra Mundial.
Muitas pessoas comparecem aos eventos, vestidas com uniformes do antigo exército imperial ou então carregando bandeiras nacionais ou bandeiras militaristas Rising Sun. Dividindo o espaço com o santuário, há um museu de guerra que expõe canhões, mísseis retirados dos campos de batalha e até aeronaves Kamikazes.
Dentro do museu Yushukan há ainda dois ou três salas, cujas paredes estão forradas com fotos de todos os soldados que morreram na guerra, junto com seus nomes e as datas de sua morte. Achei esse documentário sobre o Santuário de Yasukuni. Confira abaixo:
* Texto postado originalmente no dia 15 de Agosto de 2012 e atualizado pela última vez em 15 de agosto de 2023
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