16 Curiosidades Sobre A Educação no Japão
O Sistema Educacional Japonês é bem diferente do nosso. Confira 16 curiosidades a respeito desse tipo de educação que tem sido referência na Ásia e no Mundo
O sistema de ensino japonês é totalmente diferente do Brasil e de outros países do Ocidente. E é a base para a educação e disciplina do povo japonês, que aliás tornou-se referência não só no Brasil durante a Copa do Mundo e nas Olimpíadas, como no mundo todo. Que tal conhecer algumas das principais características do Sistema Educacional Japonês?
1. A maioria das crianças frequentam o jardim de infância
O Yochien 幼稚園 (jardim de infância) é considerado de extrema importância no Japão. Segundo pesquisas, os estudantes que tem uma educação pré-escolar, tendem a ter um melhor desempenho ao longo de suas vidas escolares em relação aos que não tiveram. Portanto, não é incomum ver crianças japonesas frequentando algum tipo de ensino pré-escolar.
2. O uniforme é obrigatório na maioria das escolas
O Japão introduziu os uniformes escolares no final do século 19 e atualmente tornou-se um item obrigatório na maioria das escolas públicas e privadas. Cada escola tem seu próprio uniforme, que é chamado de seifuku (制服). O mais popular são os de estilo marinheiro. Já os uniformes masculinos usados no ensino fundamental e médio são chamados de gakuran (学ラン).
Também é chamado de tsume-eri (詰め襟), sendo geralmente preto ou azul marinho, dependendo da escola. Existem uniformes de verão e inverno, assim como uniformes específicos para aulas de educação física. No Japão, um dos requisitos é o aluno estar sempre com o uniforme em dia e bem passado. Algumas universidades também tem uniforme.
3. Existe uma mochila padrão, chamada Randoseru
No Japão, a mochila escolar que as crianças usam é chamada de Randoseru (ランドセル). Essa mochila foi projetada para não causar estresse na coluna por causa do peso já que no Japão, as crianças costumam ir para a escola à pé. Outra característica é que são muito resistentes, feitas para durar por todo o ensino fundamental, resistindo ao sol, chuva, etc
As cores também costumam ser padrão: Vermelha para as meninas e preta para os meninos. Porém algumas escolas mais liberais permitem outras cores como rosa, amarelo, marrom e azul. Uma mochila dessas costuma ser cara devido à durabilidade e no Japão são os avós que costumam compra-la para os netos, assim que entram no ensino fundamental.
4. Hora da refeição é na sala de aula e com toda a turma
Não existe refeitório nas escolas japonesas. Os alunos almoçam juntos em suas salas de aula, acompanhado pelo professor. Isso ajuda a fortalecer o vínculo entre eles. A refeição é elaborada pela escola e os alunos se revezam para servir o almoço para todos. A merenda escolar, chamada de Kyuushoku (給食), é padronizada e elaborada por nutricionistas.
Os alunos são incentivados a comer mesmo aquilo que não gostam e muitas vezes são repreendidos por deixarem sobras nos pratos. E sempre antes de começarem a refeição é de praxe agradecer a comida, com um “itadakimasu” (Eu humildemente aceito este alimento).
5. As crianças costumam ir sozinhas para a escola
No Japão, as crianças não tem o costume ir à escola levadas pelos pais ou “ônibus escolar”, exceto no jardim de infância. Crianças do ensino primário, costumam ir a pé em pequenos grupos, sempre com a supervisão de algum adulto que fica especialmente em locais estratégicos e em cruzamentos mais movimentados para auxiliá-las no que for preciso.
Também não é incomum, os estudantes usarem transportes públicos ou bicicletas, dependendo da distância até a escola. Os pais acreditam que é uma forma de ensinar e estimular a independência das crianças já que o país tem índices muito baixos de criminalidade.
6. O ensino obrigatório no Japão é de 9 anos
O período de gimukyoiku (ensino obrigatório) é de 9 anos: 6 em shougakkou (ensino fundamental) e 3 em chuugakkou (escola secundária). O Koukou (ensino médio), apesar de não ser obrigatório, é frequentado pela grande maioria dos estudantes após o chuugakkou e tem duração de 3 anos. Um grande número de estudantes também optam em ingressar no Daigaku (Universidade), que dura em média 4 anos, ou mais dependendo do curso.
Muitos estudantes do ensino médio, fazem arubaitos (serviços de tempo parcial) em lojas de conveniência, entre outros. Outros optam por não ingressar no Kokou, muitas vezes por questões financeiras e tem a oportunidade de estagiar em empresas, onde com muita dedicação conseguem construir uma carreira sólida e estável dentro dessas empresas.
7. Os alunos são responsáveis pela limpeza da escola
Nas escolas japonesas, não há funcionários responsáveis pela limpeza. Os próprios alunos se encarregam desta tarefa diariamente. Os alunos são divididos em pequenas equipes e se revezam para limpar as salas de aula, os corredores, o pátio e até os banheiros. Desta forma, desde cedo as crianças aprendem a trabalhar em grupo, ajudando-se mutuamente.
Na hora do almoço, as equipes também se revezam para servir o almoço e depois recolher as bandejas e separar o lixo reciclável do não reciclável. Esse hábito estimula os alunos a não sujarem a escola além de desenvolver o espírito de equipe e o respeito pelo meio ambiente.
8. Há muitas aulas extra-curriculares
Atividades extracurriculares são bastante comuns nas escolas japonesas. Além das aulas comuns, os alunos tem a oportunidade de aprender diversas artes como caligrafia japonesa (Shodo) e poesia japonesa (Haiku).
Tanto o shodô quanto o haiku representam um dos princípios da estética oriental: a combinação do simples e do sofisticado. Nas aulas, as crianças aprendem a valorizar sua cultura e suas tradições milenares.
Além disso, as crianças tem aulas de piano, taiko e outros instrumentos musicais. Aprendem também a costurar, cultivar horta, além de outras aulas tais como ballet, dança, beisebol, karatê, natação, etc.
Por este motivo, as crianças costumam passar muitas horas na escola, voltando pra casa somente a tarde. Também não é incomum irem à escola aos sábados por causa de algum evento ou aula extra.
9. Nas escolas, os esportes são muito incentivados
Os estudantes são incentivados a participar de dois ou mais clubes dentro da escola relacionados a cultura, arte ou esportes. No caso de esportes são inúmeras opções como futebol, kendô, Basebol, Judô, Tênis, Natação, Voleibol, Rugby, etc. Os membros dos clubes se reúnem geralmente depois do horário escolar e estes momentos são importantes para a socialização entre eles, assim como para fortalecer o espírito de união e liderança.
Além disso, é dentro desses clubes que se estabelece a relação Senpai/Kohai onde os mais velhos (Senpai) se encarregam de auxiliar os mais novos (Kohai). Ao mesmo tempo, os mais novos aprendem a respeitar os mais velhos. Tal vínculo é refletido na vida adulta desses jovens e fazem parte da estrutura que sustenta a sociedade japonesa como um todo.
10. As escolas primárias e secundárias públicas são de qualidade
Cerca de 87,% de todos os estudantes frequentam escolas públicas no Japão, mas diferente do Brasil, existem taxas mensais que precisam ser pagas pelos pais. Também há escolas particulares, assim como escolas internacionais voltadas especialmente para estrangeiros, mas os custos mensais costumam ser bem elevados em relação às escolas públicas.
No Japão, as escolas públicas são conhecidas por ter um ensino de alta qualidade e por esta razão, a maioria dos pais opta em colocar seus filhos nelas. Já o ensino médio, geralmente é privado e os pais precisam estar preparados financeiramente. Por esta razão, os pais costumam fazer uma poupança mensal desde o nascimento dos filhos para não passarem aperto.
11. Vestibulares para o Ensino Médio e Universidades
Para entrar no ensino médio e universidade, os alunos precisam fazer uma espécie de vestibular e assim garantir uma vaga. Esse fato gera bastante competitividade (e estresse) entre os estudantes (e suas famílias). Quando o objetivo é entrar em alguma das melhores instituições, muitos estudantes fazem antes uma espécie de cursinho (Juku ou Gakken).
No final do ensino médio, os estudantes escolhem a universidade que desejam ingressar, e se preparam para a prova final. A concorrência é alta e cada faculdade tem um nível de pontuação para entrar. Por isso, há no Japão a expressão “o inferno das provas”, pois os estudantes precisam se dedicar muito aos estudos pois disso depende o seu futuro e o salário.
12. As regras nas escolas costumam ser rígidas
Nas escolas japonesas, as regras costuma ser bem rígidas em diversos aspectos. Faltas e atrasos não são bem vistos. Também não é permitido pintar o cabelo, usar brincos, maquiagem e outros acessórios. As unhas devem estar sempre cortadas, a roupa alinhada e material escolar em ordem. Os meninos geralmente precisam manter o cabelo sempre curto.
O individualismo geralmente não é bem aceito nas escolas japonesas. Por isso, foram criadas inúmeras regras a fim de disciplinar e estabelecer uma unidade entre os estudantes. Pra você ter uma ideia, há relatos de alunos que tiveram seus cabelos pintados de preto pelo professor, após aparecerem na escola com os cabelos pintados de cores não convencionais.
13. O ano letivo começa em abril e termina em março
No Japão, o ano letivo começa em abril e termina em março, coincidindo com a primavera e com um dos momentos mais espetaculares no Japão: o desabrochar das flores de cerejeiras. O ano letivo tem 210 dias de duração que são divididas por três trimestres: de 1º de abril a 20 de julho, de 1º de setembro a 26 de dezembro, de 7 de janeiro a 25 de março.
As férias de verão tem a duração de 40 dias a partir de meados de julho até o final de agosto. Já as férias de Inverno e primavera tem duração de cerca de 10 dias. Geralmente, os estudantes levam tarefas escolares para fazer em casa durante as férias. Também não é incomum irem à escola durante esse período para participar de eventos esportivos e culturais.
14. Cerimônias de Abertura e Encerramento escolar
No Japão há Cerimônias de Abertura e Encerramento escolar. A Cerimônia de Abertura chama-se Nyugaku shiki (入学式) e ocorre em abril, junto com o início do ano letivo. Já a Cerimônia de Encerramento chama-se Sotsugyou shiki (卒业式) e ocorre em março, marcando o fim do ano letivo. É também quando ocorre as formaturas dos ensinos fundamentais e ensino médio.
15. Excursões e Acampamentos Escolares
No Japão é comum as escolas organizarem excursões, piqueniques e acampamentos. O nome desses passeios chama-se Ensoku (遠足) e geralmente ocorrem duas vezes ao ano, uma na primavera e outra vez no outono. Essas viagens fazem parte do calendário recreativo do colégio, que visa sobretudo estimular o vínculo social entre alunos e professores.
Os destinos podem ser variados mas quase sempre relacionados a lugares históricos como Kyoto, Nara, e Hiroshima, ou passeios ao ar livre como parques, praias ou montanhas. Geralmente a viagem ocorre em ônibus fretados, mas trens regulares, shinkansen, ou mesmo avião podem ser usados para essa finalidade. Algumas vezes, os estudantes passam mais de um dia no destino escolhido e passam a noite acampados em barracas.
A expectativa para essas excursões é muito grande entre a garotada, especialmente porque proporcionam experiências únicas que não podem ser obtidos dentro do ambiente escolar. Além disso, é a chance de conhecer lugares interessantes e especiais. E esses momentos incríveis costumam ficar guardados para sempre nas memórias daqueles que participaram.
16. Os pais podem visitar a sala de aula e vice-versa
Jyugyou Sankan (授业参観): Trata-se de um dia em que os pais estão liberados para visitar a sala de aula e participar de algumas atividades junto dos seus filhos. Esse dia é muito importante para os pais, pois podem ver de perto como anda a aprendizagem e o comportamento de seus filhos, além da troca que podem ter junto aos professores.
Katei houmon (家庭访问): No início de cada ano letivo, em torno de abril e maio, os professores visitam as casas dos alunos. O objetivo é conhecer os pais e o ambiente familiar, além de verificar possíveis problemas que os alunos possam estar vivenciando dentro de casa.
Bem, essas foram algumas curiosidades a respeito do Sistema de educação no Japão. Claro que não é perfeito e tem suas falhas como em qualquer lugar do mundo, especialmente em relação ao bullying (Ijime) e suicídios que ocorrem entre os estudantes, muitas vezes por causa do Ijime ou da pressão e estresse em passar nos exames de admissão nas escolas.
Ainda assim, a educação japonesa se supera em vários sentidos, especialmente em relação à organização e disciplina. Você já teve oportunidade de estudar em uma escola japonesa? Ou tem um filho que já tenha estudado? Que tal nos contar sua experiência sobre isso? 🙂
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