10 maneiras de o Japão se preparar para terremotos e desastres naturais


Como o Japão se prepara para terremotos

O Japão é um país que experimentou muitos desastres naturais e, ao longo do tempo, tornou-se uma das nações mais bem preparadas do planeta.

Quando você compara a quantidade de desastres que atingiram o país, mais a densidade populacional, e a compara com a taxa de fatalidade, os números modernos são surpreendentemente pequenos. A capacidade de inovar, investir, educar e aprender com os erros do passado tornou o Japão o país mais preparado para terremotos do mundo.

1. Edifícios resistentes a terremotos

Imagem: photo-ac.com

Dada a regularidade dos terremotos no Japão, todas as casas passaram a ser construídas de acordo com rigorosos padrões à prova de terremotos que foram definidos por lei. Essas leis também se aplicam a outras estruturas, como escolas e edifícios de escritórios. Diz-se que cerca de 87% dos edifícios em Tóquio são capazes de resistir a terremotos.

Ao longo dos anos, o Japão tem investido bilhões de dólares desenvolvendo novas tecnologias de engenharia civil contra abalos e tsunamis com o intuito de minimizar os prejuízos e mortes causados pelos desastres naturais. Este é um dos motivos pelos quais muitos prédios continuam de pé no Japão, que é considerado o país melhor preparado para um terremoto.

Imagem: photo-ac.com

Nos prédios são instalados amortecedores eletrônicos, que podem ser controlados à distância. Em prédios mais simples são usados amortecedores de molas que funcionam de um jeito parecido à suspensão de veículos. Os engenheiros também colocam um material especial para amortecer as junções entre as colunas, a laje e as estruturas de aço que compõe cada andar.

Os prédios são concebidos como um elemento dinâmico, já que estarão sempre sujeito a movimentos em qualquer direção. Esse material ajuda a dissipar a energia quando a estrutura se movimenta em direções opostas, assim o prédio não esmaga os andares intermediários.

Como vimos, os prédios são feitos para balançar, mas impedem que caiam por causa de um terremoto. Para você ver como funciona na prática, confira o vídeo abaixo, onde arranha-céus no centro de Shinjuku balançam durante o Grande Terremoto de Tohincoku em 2011.

2. Bosai Musen: Alto-falante de prevenção de desastres

Imagem: photo-ac.com

Em áreas propensas a desastres, há alto-falantes que fazem parte do sistema nacional de alerta de desastres do Japão. Esses alto-falantes chamados de Bosai Musen (防災無線) precisam ser testados regularmente e por isso, todos os dias, às 17h, alto-falantes em todo o país tocam músicas folclóricas diferentes para verificar se o sistema está funcionando.

Essas transmissões diárias são conhecidas como shichōson bōsai gyōsei musen hōsō (“rádio administrativa de prevenção de desastres do governo local”) ou bōsai musen (“rádio de prevenção de desastres”), mas são comumente chamadas de goji no chaimu (“o sino das 17h”).

https://www.youtube.com/watch?v=Hs6MLa0VHx0

O governo local decide quais melodias tocar. As escolhas mais comuns são cantigas infantis, como Yuyake Koyake, (“Céu vermelho do pôr do sol”), Kaero kaero to (“Vá para casa, vá para casa”) e Akatonnbo (“Libélula vermelha”).

Outros preferem música estrangeira, como “Moon River” de Breakfast at Tiffany , “Coronel Bogey March” de The Bridge on the River Kwai e “Edelweiss” de The Sound of Music.

Como os testes são regulares, muitos japoneses programam suas rotinas diárias em torno desses sons. Para funcionários de uma empresa, pode significar um sinal para encerrar o trabalho. Para as crianças, pode ser um lembrete para voltar para casa antes de escurecer.

O atual sistema de alerta é realizado através do satélite J-Alert, lançado em 2007. Ao sinal de um terremoto, ele é capaz de informar as autoridades locais em menos de um segundo e demora mais quatro segundos para o alerta ser retransmitido para as massas.

Embora esse sistema possa parecer antiquado, ele é considerado insubstituível, especialmente para um país tão vulnerável como o Japão. O sistema está sendo atualizado constantemente para se tornar cada vez mais útil, de forma que agora eles podem transmitir alertas para telefones celulares e aparelhos de fax e inserir mensagens em programas de rádio e televisão.

3. Alertas através dos telefones celulares

Imagem: photo-ac.com

Cada smartphone no Japão é instalado com um sistema de alerta de emergência de terremotos e tsunamis. Acionado cerca de cinco a dez segundos antes dos desastres iminentes, tem como objetivo dar aos usuários tempo para buscar proteção rapidamente, se necessário.

O sistema de alerta chamado de Kinkyuu Jishin Sokuhou (緊急地震速報), funciona no Japão desde 2007 e detecta tremores alguns segundos antes deles serem sentidos na superfície da terra. O problema é que o alarme sonoro costuma assustar mais que o próprio tremor.

No grande terremoto de 2011, os japoneses foram alertados cerca de um minuto antes do tremor. O sistema é alimentado por uma rede de aproximadamente 1.000 sismógrafos espalhados por todo o país, capazes de detectar e analisar as primeiras ondas dos terremotos.

As ondas sísmicas primárias viajam mais rápido pelo solo do que as secundárias, o que significa que sistemas de alarme podem senti-las momentos antes da terra começar a tremer. Além dos celulares, os alertas são divulgados na rádio, tv e enviados por email.

4. Trens-bala preparados para terremotos

Imagem: Pakutaso

O Japão é um país dominado por trens e sua rede ferroviária é considerada uma das mais eficientes do mundo. Além disso, o país conta com o shinkansen (trens-bala) que movem-se a uma alta velocidade, regularmente alcançando a velocidade de 300 km/h.

Para evitar acidentes nas linhas férreas e garantir a segurança de todos os passageiros, os trens japoneses são equipados com sensores de terremoto que são acionados para parar todos os trens que estiverem em movimento no país, caso seja necessário.

Em 2011, quando o trágico terremoto de magnitude 9,0 atingiu o Japão, havia 27 shinkansen em movimento. O sensor foi acionado por causa dos tremores iniciais, fazendo com que cada trem parasse antes que o pior tremor ocorresse, resultando em zero mortes e feridos.

5. Cobertura do desastre nas redes de TV

Se um terremoto atingir o país, todos os canais de TV do Japão mudam sua programação imediatamente e começam a transmitir uma cobertura oficial sobre o terremoto em questão, garantindo que a população esteja bem informada sobre como se manter segura.

A cobertura fornece informações sobre os terremotos, onde buscar proteção e se algum tsunami está se aproximando, dando aos cidadãos tempo para recuar para lugares mais altos.

6. Conscientização e educação sobre prevenção de desastres

Imagem: Wikimedia Commons

Assim como outras escolas ao redor do mundo podem realizar exercícios de emergência contra incêndios, as escolas no Japão realizam exercícios regulares contra terremotos.

Desde tenra idade, as crianças em idade escolar são educadas sobre a melhor maneira de buscar proteção e permanecer seguras se um terremoto atingir sua área.

O método mais comum durante os exercícios é as crianças ficarem embaixo da mesa e se segurar nas pernas da mesa até que o terremoto termine.

Se brincarem ao ar livre, as crianças são ensinadas a ir direto para o meio de um espaço aberto para evitar que sejam atingidas pelos destroços que caírem.

Com a ajuda de bombeiros, as crianças também são colocadas em cabines com simuladores de terremoto, para que possam identificar a sensação de um terremoto desde muito jovens.

7. Suporte para estantes e armários

Imagem: photo-ac.com

Em apartamentos e escritórios japoneses é comum o uso de barras de apoio chamadas de tsuppari-bo (突っ張り棒). Pode parecer uma bobagem, mas no caso de um terremoto de grande magnitude, esse tipo de suporte pode evitar ferimentos graves e até salvar vidas.

As barras de apoio são colocadas entre os móveis e o teto para evitar que eles tombem em caso de um tremor mais forte. Apesar de serem leves, podem suportar uma carga decente e, se colocados corretamente, não deixam nenhum arranhão ou marca nas paredes.

8. Museu Memorial do Terremoto

Imagem: Wikimedia Commons

Outra maneira pela qual o Japão ajuda a proteger sua população contra terremotos e outros desastres naturais futuros é aprendendo com eventos passados.

Em 1995, Kobe foi atingida pelo devastador Grande Terremoto Hanshin Awaji (Hanshin-Awaji Daishinsai), que matou 5.000 pessoas e destruiu dezenas de milhares de casas.

Após a reconstrução da cidade, Kobe construiu o Museu Memorial do Terremoto de Kobe (Hito to Bōsai Mirai Center / 人と防災未来センター). Construído para homenagear as vítimas fatais do desastre, o museu também funciona como um centro educacional repleto de monitores com informações úteis e instalações educacionais sobre prevenção e sobrevivência em desastres.

9. Kits de sobrevivência para terremotos

Imagem: wowma.jp

A maneira como cada família se prepara para um terremoto varia; no entanto, a maioria delas possuem kits de sobrevivência para serem usados em casos de emergência.

Ele é abastecido com equipamentos de primeiros socorros, água engarrafada, alimentos não-perecíveis, luvas, máscaras faciais, lanternas, fogão portátil, filme de PVC e até mesmo rádio a pilha para receber atualizações sobre o desastre no caso de faltar energia.

Você pode comprar todos os suprimentos necessários para os kits de sobrevivência na maioria das farmácias ou lojas que vendem utilidades como Don Quijote ou Tokyu Hands.

10. Túnel subterrâneo de descarga de água

Imagem: Wikimedia Commons

Um dos feitos mais impressionantes da engenharia é o pouco conhecido Túnel de Descarga de Água de Tóquio (Shutoken Gaikaku Hōsuiro / 首都圏外郭放水路), que pode ser traduzido como Canal de Inundação da Área Metropolitana. A construção deste engenhoso complexo subterrâneo levou 17 anos, de 1992 a 2009 e custou mais de US$ 3 bilhões.

Localizado sob um campo de futebol e pista de skate, é considerado o maior canal subterrâneo de desvio de água de chuva do mundo, construído para prevenir o transbordamento dos rios ocasionados por tsunamis, tempestades e tufões. Coletando as águas das enchentes causadas por desastres naturais, o sistema redistribui com segurança a água no rio Edo.

O fluxo das águas é monitorado através de uma sala de controle central. A região onde foi construído o canal é atravessado por 11 rios e não era necessário muita chuva para que logo tudo ficasse inundado. Chamado de “templo subterrâneo”, o túnel já foi utilizado em comerciais, filmes e programas de TV. Além disso, uma área foi aberta ao público para visitação.

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Fonte: theculturetrip.com
Imagem do topo: photo-ac.com

3 Comments

  1. Pingback: O sistema que faz os prédios encolherem no Japão | Curiosidades do Japão

  2. Raquel

    Muito interessante!
    O que é amar sua terra!
    Acho que já teria ido embora de lá, porque a natureza é bela mas uma fera.

  3. Marcilio Gonçalves Filho

    Não se pode vencer o poder da naturezas. Mas se pode melhorar o que fizemos em relação a esses eventos. O Japão é um exemplo disso. Parabéns e é muito interessante a matéria bem exposta!

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