10 curiosidades impressionantes sobre os samurais que talvez você desconheça
Muitas pessoas conhecem os samurais através de livros, filmes, animes ou mangás. Mas existem muitas curiosidades a respeito deles que talvez você desconheça.
Samurais eram guerreiros lendários e talvez a classe mais conhecida de pessoas no Japão antigo. Eles eram lutadores nobres que lutavam contra o mal (e entre si) com suas espadas e armaduras assustadoras, seguindo um código moral rígido que governava toda a sua vida.
Essa é a ideia popular que a maioria das pessoas leigas pensam sobre os samurais. Mas na verdade, há muitos outros fatos interessantes sobre samurais que muitas pessoas desconhecem. Abaixo você terá oportunidade de conhecer algumas curiosidades impressionantes sobre eles.
1. Libélulas tinham uma grande representatividade na classe samurai
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De maneira mais geral, no Japão as libélulas são símbolos de coragem, força e felicidade, e muitas vezes aparecem na arte e na literatura, especialmente no haicai. Na mitologia antiga, o Japão era conhecido como Akitsushima, que significa “Terra das Libélulas”.
Na classe samurai, as libélulas eram vistas como portadoras da vitória divina. As libélulas nunca recuam, elas param, mas sempre avançam, o que era visto como um ideal dos samurais. Era comum serem usadas como emblemas em suas armaduras, apetrechos e espadas.
Além disso, embora a palavra japonesa moderna para libélula seja Tonbo, a palavra antiga usada na era Pré Meiji para esse inseto era Katchimushi. “ Katchi ” é semelhante a ” Katsu ” (勝つ) que significa “vencer”, daí as libélulas serem vistas como auspiciosas pelos samurais.
2. Os Samurai adoravam duelar com seus adversários
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Para os guerreiros samurai, matar e morrer era tão corriqueiro quanto comer uma tigela de arroz. Eles estavam preparados para batalhas e duelos 24 horas por dia. O jornalista José Yamashiro afirma, em seu livro A História dos Samurais, que, na hora de lutar para defender o seu daimyô (senhor feudal), “a vida do samurai era menos valiosa que a pena de uma ave”.
Segundo o sociólogo Benedicto Ferri, autor de Japão, a Harmonia dos Contrários, “essa tranquilidade diante do fim da vida, um momento tão temido pelos ocidentais, vem do Bushidô (Caminho do Guerreiro), uma espécie de código de conduta desenvolvido a partir do século 16.
O bushido exigia que um samurai praticasse obediência, habilidade, autodisciplina, auto-sacrifício, bravura e honra. O samurai ideal seria um guerreiro estoico que seguisse esse código, que colocava bravura, honra e lealdade pessoal acima da própria vida.
3. Ronin, os samurai solitários, rebeldes e sem destino
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Os samurais estavam fortemente ligados ao seu daymio (senhor feudal). Quando o líder morria ou era assassinado, eles ficavam sem mestre. Esses samurais ficavam conhecidos como ronin (浪人). Eles não podiam ceifar a própria vida através do seppuku e viviam no limbo e sem honra.
Sem um daymio para prestar sua lealdade, os ronin não seguiam os princípios básicos do bushido. Estando eles “presos” a uma vida desonrosa — sem um sentido para sua existência, muitos deles se rebelavam e se tornavam um problema para os administradores do império.
Eram temidos por sua grande habilidade em combate, o que os tornava muito mais temíveis que os já temidos samurai. O Ronin muitas vezes era descrito como um ser solitário, fazendo jus ao seu nome: Homem-Onda. Não tem sentido, nem destino (como as ondas do mar).
4. Os samurai tinham baixa estatura
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A imponente armadura e pesado armamento fazia com que os samurais parecessem gigantescos. Pelo menos são assim que eles são caracterizados na cultura pop. Isso não poderia estar mais longe da verdade. Na realidade, a maioria dos samurais eram bem pequenos – um samurai do século 16 era geralmente muito magro e variava de 160 a 165 centímetros de altura.
Além disso, há indícios e suposições de que a classe samurai podem ter descendido de um grupo étnico chamado Ainu. Os Ainu eram considerados inferiores pelos japoneses e muitas vezes eram alvo de discriminação. Algumas características físicas entre eles são similares. Ambos eram descritos como tendo a pele mais clara, narizes mais altos e mais pelos no corpo.
5. Namakubi: Cabeças decapitadas
Namakubi (生首) era a prática de decapitar um indivíduo que realizou seppuku ou Harakiri, praticado pelos guerreiros samurais. Na hora da morte, o kaishakunin (a pessoa designada para decapitar), cortava o pescoço para que o sofrimento do moribundo terminasse logo.
A decapitação era vista como forma de punição e a cabeça era levada ao seu daimyo onde era realizada uma cerimônia altamente ritualizada. Em muitos casos, a cabeça do inimigo era exposta em lugares públicos para colocar medo em quem ousassem cometer algum tipo de infração.
A prática não existe mais, mas Namakubi continua sendo representado em tatuagens. Há quem acredite que esse tipo de tatuagem seja auspicioso e ajude a afastar o mal e a má sorte.
6. Haviam níveis hierárquicos dentro da casta samurai
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Havia três níveis de guerreiros samurais. Os mais baixos, os gokenin, eram vassalos do senhor feudal. Acima deles, haviam os goshis, que tinham suas próprias terras e viviam no campo. E no terceiro e mais alto nível estavam os hatamoto que significava “Guardião da bandeira”) e eram considerados “samurai de alto escalão” a serviço direto do xogunato Tokugawa.
Os hatamotos eram os únicos autorizados a carregar duas espadas (que juntas eram chamadas de daisho). Uma espada era mais longa que a outra. A mais longa media 60 cm e a mais curta, wakizashi, tinha 30 cm de comprimento. Ambas as espadas eram ligeiramente curvadas.
Samurais também poderiam carregar uma espécie de punhal chamado tanto. Outras armas tipicamente samurais eram o arco e a flecha. Os samurais aprendiam artes marciais, mas as habilidades com a espada e o arco e flecha eram consideradas mais imprescindíveis.
7. Relacionamentos homoafetivos eram comum na classe samurai
Poucas pessoas sabem que os samurais eram extremamente abertos quando se tratava de relações sexuais. Assim como os guerreiros espartanos, os samurais não apenas aceitaram o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo em sua cultura – como o encorajou ativamente.
Essas relações pederastas eram geralmente formadas entre um samurai experiente e um jovem que ele estava treinando (assim como os guerreiros espartanos). A prática era conhecida como wakashudo (“o caminho da juventude”), e era uma prática comum entre os membros da classe.
Embora o “wakashudo” (若衆道) fosse um aspecto importante na trajetória percorrida por um samurai, poucas informações são divulgadas sobre o assunto e as muitas representações na cultura pop sobre os famosos guerreiros japoneses quase nunca abordaram esse fato.
8. Muitas esposas tinham habilidades de luta
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Todas as mulheres das famílias samurais eram alfabetizadas e cultas. E muitas delas sabiam lutar também. Quando os maridos estavam em batalhas, o que era bem frequente, as esposas ficavam encarregadas de cuidar da casa ou castelo e evitar as invasões dos inimigos.
Existia uma preparação para isso, onde aprendiam naginatajutsu, uma arte marcial que utiliza uma longa lança ( ko-naginata ) que possui uma lâmina na extremidade. A ko-naginata era capaz de alcançar e ferir o inimigo sem se aproximar muito. Isso era perfeito para as mulheres pois assim, poderiam manter distância do rival e evitar que fossem dominadas por ele.
As mulheres também aprendiam tantojutsu, outra arte marcial que utilizava espadas curtas chamadas de tanto ou kaiken. Algumas dessas mulheres se apaixonaram tanto pela luta que se tornaram guerreiras, chegando inclusive a lutar em batalhas ao lado dos maridos.
9. Suicídio para provar sua lealdade
Outro fato interessante dos samurais é que, se caso seu senhor morresse, era comum que se matassem em seguida. Este seppuku em particular foi chamado de junshi (殉死), que significa “seguir o senhor na morte”, ou às vezes traduzido como “suicídio através da fidelidade”.
Esta prática foi proibida várias vezes por diferentes daimyos, mas sem muito sucesso. Algumas mulheres também praticaram o ritual de suicídio quando seus maridos samurais perdiam a vida em duelos ou batalhas ou como forma de evitar uma captura ou uma desonra.
O ritual feminino foi chamado de jigai (自害). Envolvia cortar a veia jugular interna no pescoço ou espetar o coração com uma espada curta tantō ou kaiken. Como esse corte é muito mais eficiente que o do abdome, elas faziam de forma solitária, sem assistência ou testemunhas.
10. Matavam aleatoriamente para testar suas espadas
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Os samurai eram conhecidos por serem guerreiros valentes que enfrentavam cara a cara seus oponentes em duelos e batalhas. Mas houve um período conturbado do período Sengoku (1467-1600) que a ilegalidade tomou conta e surgiu uma prática chamada “Tsujigiri” (辻斬り).
“Tsujigiri” (辻斬り) pode ser traduzido como “matança pelas ruas” e se caracterizava em decapitar aleatoriamente um transeunte na estrada com o objetivo de “testar” se suas espadas estavam afiadas o suficiente ou para praticar um novo estilo de luta ou arma samurai.
Geralmente, os ataques eram realizados em pedestres indefesos e durante a noite. Não se sabe quão difundida era essa prática, mas em 1602, logo após a ordem ser restaurada, foi proibida pelo governo Edo e quem a praticasse seria punido severamente com a pena capital.
Restauração Meiji: O fim da era samurai
Durante o período Edo (1603-1868), o Japão foi pacificado. Assim, as habilidades marciais dos samurais tornaram-se redundantes. Sem emprego, muitos desses nobres altamente educados tornaram-se burocratas, professores, intelectuais, artistas. E em 1868, com a Restauração Meiji que culminou na derrubada do Xogunato Tokugawa, a casta samurai oficialmente chegou ao fim.
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