10 Contos Infantis Populares no Japão 2
Esta é a segunda parte de 10 Contos Infantis Populares no Japão. Se você gosta de fábulas e contos japoneses, não deixe de conferir as histórias abaixo que fazem parte da infância de nativos e também de muitas pessoas que nasceram ou foram criados no Japão. 🙂
5. Momotarou (桃太郎)
Momotarou ou Momotaro (Menino Pêssego) conta a história de um casal de idosos que desejavam muito ter um filho. Um dia enquanto lavava roupas na beira do rio, a senhora idosa avistou um pêssego gigante flutuando no rio. Resolve levar o pêssego para casa para ela e seu esposo comerem. Mas o inesperado acontece: Havia um menino dentro do pêssego.
Os idosos ficaram muito felizes pois os deuses haviam lhes atendido. Batizaram o menino de Momotaro. Depois que cresceu, o menino que era muito corajoso decidiu sair de casa para derrotar os onis (demônios) que viviam em Onigashima, uma ilha demoníaca bem distante dali. Os onis estavam causando terror entre os aldeões, matando e saqueando os moradores.
Levou “kibidangos” (黍団子), uma espécie de bolinho japonês feito de mochiko (farinha de arroz) que seus pais haviam preparado para sua longa jornada. No caminho, um macaco, um cachorro e um faisão juntaram-se a ele, dando-lhes um kibidango em troca de ajuda para lutar contra os onis. Ao chegar à Ilha, o portão do forte onde estavam os onis estava trancado.
O faisão voou para dentro do forte e pegou uma chave para abrir o portão. Uma vez lá dentro, eles lutaram contra o onis. O faisão bicou os olhos, o cão mordeu as pernas e o macaco pulou nas costas dos demônios. Finalmente, os onis gritaram por misericórdia! Para que suas vidas fossem poupadas, eles deram à Momotaro todo o tesouro que haviam roubado.
Momotaro e seus novos amigos voltaram triunfantes para a aldeia. Foi recebido com uma grande festa e declarado herói por seu povo. O tesouro foi repartido entre todos os aldeões e seus velhos pais puderam ter uma vida confortável até o fim dos seus dias.
4. Urashima Taro (浦島太郎)
Urashima Taro é o nome do pescador que um dia salvou uma tartaruga que estava sendo maltratada na praia por alguns rapazes. Tarō a salvou dos meninos e retornou-a ao mar. No dia seguinte, uma tartaruga enorme se aproximou dele e lhe disse que a pequena tartaruga que ele salvara era na verdade a filha do Imperador do Mar, que gostaria de vê-lo e agradecer-lhe.
Taro subiu em suas costas e a tartaruga fez surgir brânquias em Taro para que ele pudesse respirar debaixo d’água. Assim pôde levá-lo a uma viagem para conhecer o fundo do mar e o palácio do rei-dragão, Ryūgū-jō. Lá o pescador se encontrou com o imperador e com a sua filha, a pequena tartaruga, que agora estava transformada em uma bonita princesa.
Muitas festas foram feitas em sua homenagem e Taro ficou no palácio por muitos dias. Embora feliz nas águas marinhas, Urashima começou a sentir saudades de sua terra natal e de seus parentes, e pediu para voltar. Ao partir, recebeu da princesa uma arca de presente, com a promessa de que só a abrisse quando ficasse bem velho e de cabelos brancos.
Ao chegar em sua cidade, notou que estava muito mudada. Ele não reconheceu nenhuma das pessoas da vila, os lugares já não eram mais os mesmos. Começou a perguntar se ninguém conhecia um pescador chamado Urashima Tarō. Algumas pessoas disseram que tinham ouvido falar de alguém com esse nome, que havia desaparecido no mar muitos anos atrás.
Taro acabou descobrindo que haviam se passado trezentos anos desde o dia em que havia decidido ir ao fundo do mar. Tomado de grande tristeza, foi à procura da tartaruga, mas depois de uma longa espera, acabou abrindo a caixa que havia ganhado da princesa.
De dentro dela saiu uma nuvem de fumaça branca, que o envolveu. De repente, seu corpo tornou-se velho e enrugado, nasceu-lhe uma longa barba branca e suas costas curvaram-se com o peso de tantos anos. E do mar veio a voz doce e triste da princesa: “Eu lhe disse para não abrir a caixa. Nela estavam todos os seus anos“. Por ter desobedecido a princesa, o infeliz pescador acabou perdendo a sua “eterna juventude”, deixando-a ir para sempre.
3. Kaguya Hime (かぐや姫)
Kaguya Hime (Princesa Bambu) conta a história de um velho lenhador que certo dia se deparou com uma estranha luz dourada que saía de dentro de um bambu que havia acabado de partir. Ao se aproximar, viu uma menina pequenina no seu interior. Ele e sua esposa não tinham filhos e resolveram adotá-la. Batizaram-na como Kaguya Hime e a cercaram de carinho e atenção.
Em apenas três meses, ela cresceu e se transformou em uma belíssima moça. Muitos homens a pediram em casamento. Porém, ela recusou todos os pretendentes. O imperador, que também tinha ouvido falar da fama de Kaguya Hime, manifestou seu desejo de transformá-la em sua mulher e na imperatriz do reino. Mas ela recusou sua proposta. Quando o imperador tentou levá-la à força, ela desapareceu diante de seus olhos. Assustado, ele desistiu de seus planos.
Três anos se passaram, e Kaguya Hime ia se tornando cada vez mais bela, porém cada vez mais melancólica nas noites de lua cheia. Preocupado, seu velho pai perguntou o que havia de errado. Olhando o céu, ela respondeu; “Na verdade, vim da lua. Fui enviada para viver na Terra mas agora devo voltar para casa. Estou triste pois sentirei saudades de todos”.
O pai não queria que sua filha partisse e pediu ajuda para o imperador. Guardas foram enviados para prender Kaguya Hime em um aposento secreto. No entanto, mensageiros vindos da lua, desceram sobre nuvens, colocaram Kaguya Hime em um palanque e a vestiram com um traje esplendoroso. Com o coração partido, ela deixou seus pais adotivos e voou em direção à lua.
2. Kasa Jizou (笠地蔵)
Kasa Jizou (Chapéu da Estátua Jizou) conta a história de um pobre homem que vivia com sua esposa em um lugar distante nas montanhas. Eles ganhavam dinheiro tecendo palha em sacos de arroz e sandálias, que o velho levava para as aldeias ao redor para vender.
Num dia frio de véspera de Ano Novo, o velho recolheu todas as sacolas e sandálias que havia feito durante todo o mês, empacotou-as nas costas e partiu para a aldeia vizinha, dizendo à esposa: “Se vender tudo, poderemos comprar arroz suficiente para fazermos mochi para o Ano Novo.” A boa e velha esposa tentou impedir o marido de partir, pois estava nevando muito mas foi em vão. Ela então rezou para que a neve não piorasse e ele voltasse para casa são e salvo.
No caminho, o velho passou em frente a cinco estátuas Jizo. Curvando-se, disse: “Desculpe-me por ter que passar na frente de vocês, que devem estar com frio por causa dessa neve pesada“. O idoso retirou a volumosa neve que cobria as cabeças das estátuas e depois seguiu seu trajeto. No entanto o idoso não conseguia tirar a imagem dos cinco Jizos da sua mente.
“Oh, eles devem estar tremendo de frio, coitadinhos”. Ele conseguiu vender todas as sacolas e sandálias e percebeu que o dinheiro que ganhou era suficiente para comprar cinco chapéus de bambu para os Jizos. Com os chapéus na mão, ele voltou feliz para casa e, chegando ao Jizos, ficou surpreso ao descobrir que agora não eram mais cinco e sim, seis estátuas.
Ele retirou a neve e colocou os chapéus em suas cabeças, um por um. Quando chegou ao sexto Jizo, ele hesitou por um momento, mas depois cobriu a cabeça do sexto Jizo com um cachecol que carregava consigo, amarrando-o sob o queixo de Jizo. Chegando em casa, sua esposa disse sorrindo alegremente: “É véspera de ano novo! Vamos começar a fazer o mochi?” “Minha querida esposa” o velho disse: “Eu sinto muito! Eu não comprei o arroz.”
A esposa ficou muito chateada. “Mas como podemos passar o Ano Novo sem o tradicional mochi?” O velho contou-lhe toda a história dos Jizos. “Sinto muito”, disse ele à esposa, “mas temos nossa casa para nos manter aquecidos e confortáveis nesse mau tempo. Esses Jizos não têm nada para protegê-los da neve, nem podem fazer nada além de ficar imóveis“.
Sua esposa ouviu silenciosamente tudo o que ele disse: “Bem, se essa é a razão, estou orgulhosa de você; e certamente não vamos morrer por não comer mochi no Ano Novo. Farei um mingau. Mas mesmo que não tenhamos arroz, iremos fazer o ritual de preparar o mochi, para nos trazer sorte e prosperidade“. Então, eles pegaram o pilão e começaram a bater, fazendo um som barulhento. Em seguida, comeram o mingau e, satisfeitos, foram dormir.
No meio da noite, foram despertados por um barulho estranho, como se algo arrastando na neve, além de vozes que podiam ser ouvidas fracamente. O velho acordou e disse à sua esposa: “Está ouvindo alguma coisa?“. Sua esposa abriu os olhos “É meia-noite! O que poderia ser, além do vento e a neve caindo?” Concentrados, conseguiram escutar uma canção:
“Lá em cima, lá em cima está a casa do homem
Lá em cima, lá em cima está o homem que nos deu chapéus
Lá em cima, lá em cima está o homem que nos deu o seu tesouro”
O dois levantaram-se, foram até a porta da frente e ficaram chocados com o que viram: cinco jizos usando chapéus de bambu e o sexto usando cachecol. Eles carregavam uma sacola grande de palha e a deixaram na varanda da casa do casal, sempre cantando.
Em seguida, voltaram pelo mesmo caminho que vieram indo parar no mesmo local onde sempre ficavam para continuarem a função que lhes foi dada: proteger os viajantes que passavam. O homem e sua esposa saíram para ver o que tinha dentro da sacola de palha e para a surpresa dos dois, havia um monte de arroz que seria suficiente para eles viverem o resto de suas vidas.
1. Tsuru no Ongaeshi (鶴の恩返し)
Tsuru no Ongaeshi (A gratidão do Tsuru) conta a história de um jovem camponês que morava em um vilarejo nas montanhas. Certo dia, quando voltava para casa encontrou um tsuru (grou) preso em uma armadilha; penalizado, soltou o animal, que voou para longe. Depois e um tempo, ouviu alguém bater à porta. Era uma bela moça, dizendo estar perdida.
Graciosamente, a moça pediu-lhe abrigo por uma noite em sua choupana. Os dois acabaram se apaixonando um pelo outro e casaram. Por necessitarem de dinheiro, certa vez a moça disse ao marido que passaria três dias fiando no quarto, e pediu-lhe que não a olhasse de maneira alguma. Durante os três dias, o rapaz ouvia apenas o barulho da roca de fiar.
Finalmente, ela saiu do aposento, e entregou-lhe um belíssimo manto, que deveria ser vendido. O marido conseguiu um bom dinheiro, e retornou a casa. Passado algum tempo, a esposa disse novamente que ficaria três dias trancada no quarto tecendo. Decorrido tal tempo, ela de lá saiu, com um manto ainda mais belo, que rendeu um valor em dinheiro muito alto.
A partir de então, a esposa continuou a fazer esse trabalho algumas outras vezes. Com o dinheiro das vendas, conseguiam viver com mais conforto. No entanto, a mulher debilitava-se a cada dia e disse ao marido que teria que ficar um tempo sem fiar. Apesar de ama-la muito, mas motivado pela ganância, o camponês pediu à esposa para que tecesse mais uma vez.
A princípio ela não aceitou, mas perante a insistência do marido, cedeu e começou a tecer novamente. No entanto, o marido começou a ficar preocupado pois ela não saiu do quarto após três dias como de costume. No sétimo dia, não conseguindo mais conter sua curiosidade, o marido resolveu espiar o interior do aposento por uma fresta que havia na porta.
E para sua grande surpresa percebeu que em vez da esposa, era um tsuru quem fiava o manto, arrancando as próprias penas de seu peito! A esposa percebeu que o marido a observava e vendo que a promessa havia sido quebrada, disse: “Eu sou a garça que você salvou. Queria muito recompensá-lo por sua gentileza em me curar, por isso tornei-me sua esposa“.
“Mas agora que conhece minha verdadeira forma, não posso ficar aqui por mais tempo.” Então, com as mãos trêmulas entregou-lhe o tecido acabado, e com a voz embargada disse: “Deixo-vos isto para que se lembre de mim.” Assim dizendo, ela se transformou em um tsuru e voou, deixando o camponês com lágrimas nos olhos vê-la desaparecer no horizonte.
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